São Paulo, domingo, 3 de abril de 1994
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Seleção feminina busca pivô nos EUA

EDGARD ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A pivô Dalila Bulcão Mello é a novidade da seleção brasileira feminina de basquete que começa amanhã sua preparação para o Mundial da Austrália, em São Roque (42 km a oeste de São Paulo). Ela já jogou em Santo André, mas nos últimos cinco anos viveu nos EUA, onde estudava e defendia a equipe da West Texas A&M University, de Canyon, local próximo a Amarillo (sul dos EUA).
O técnico da seleção, Miguel Angelo da Luz, não viu a pivô ao vivo em ação, mas recebeu informações que motivaram sua convocação. Dalila, que passou os últimos dias com a família em Curitiba (PR), disse que registrou médias por jogo na última temporada do basquete universitário norte-americano de 18 pontos, 10,4 rebotes e 3 bloqueios. Índices altos, justificados por ela de forma simples: "Lá, o pivô é usado, existe muito jogo físico no garrafão".
Dalila tem 23 anos, mede 1,87 m e pesa 75 kg. É noiva do pivô Carlos Brazolin, do time do Pinheiros, e irmã do pivô Rodrigo, do Telesp.
A chegada de Dalila à seleção acontece em um momento complicado, pois a comissão técnica desta vez não convocou a pivô Marta, jogadora que parecia ter vaga garantida na equipe, como vinha ocorrendo nos últimos dez anos. Dalila vai disputar sua vaga com outras cinco pivôs: Ruth, Alessandra, Leila, Yngrid, e Cíntia.

Folha - A convocação da CBB te surpreendeu?
Dalila Bulcão Mello - Era um sonho. Não espera que acontecesse tão rápido. Vou me empenhar ao máximo para ir ao Mundial.
Folha - Há quanto tempo você vinha jogando nos EUA?
Dalila - Cheguei lá em 1989, mas não falava inglês e não tinha como me comunicar. Por isso, passei o primeiro ano só treinando. Depois joguei normalmente até um mês atrás, fim da temporada.
Folha - Fale da sua carreira
Dalila - Comecei aos 13 anos, com o técnico Erivelto Moreira, na Escola Técnica do Paraná. Só treinava. Depois joguei dois anos na seleção paranaense e, em 87, fui jogar no Pirelli, em Santo André, onde fiquei dois anos.
Folha - Você está em forma para jogar na seleção?
Dalila - Empenho é o que não vai faltar. Quero ficar na seleção, mas sei que é difícil. Estou bem. Antes de vir para Curitiba, estava treinando com a equipe da Nossa Caixa-Ponte Preta, em Campinas.
Folha - Vai jogar pela Ponte?
Dalila - Estou tentando acertar e torço para que tudo dê certo. Gostaria de jogar pela Ponte.
Folha - Já concluiu os estudos de agronomia e está voltando para o Brasil?
Dalila - Voltei para ficar. Completei o curso de agronomia e também pretendo trabalhar nessa área.
Folha - Nos EUA, você atuava só no pivô?
Dalila - Sempre joguei no pivô. Nunca tentei a ala, embora chute bem de fora. Lá, o técnico não deixava.
Folha - Qual é a diferença entre o basquete daqui e dos EUA?
Dalila - No Brasil, o aspecto individual é mais destacado. Nos Estados Unidos, a jogadora procura mais o jogo coletivo, trabalha a jogada. A jogadora faz apenas o que o técnico manda. Aqui existe um pouco mais de liberdade.

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