São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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UDR vê táticas de guerrilha

AMÉRICO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Roosevelt Roque dos Santos, acusa o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de usar os sem-terra como "massa de manobra" em anos eleitorais.
Segundo ele, o número de invasões cresce em épocas de eleição. Santos afirma que o MST aproveita essas ocasiões para "aparecer para a mídia e mostrar que existe a necessidade de se fazer a reforma agrária".
Na avaliação dele, "o povo sente dó e cai na pregação deles". O presidente da UDR diz que o MST adota táticas de guerrilha em sua estratégia de ação, elaborando inclusive cartilhas que mostram como deve ser feita uma invasão de propriedade.
Para o coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro, a afirmação de Santos é "uma mentira". Para ele, as alegações dos proprietários rurais mostram que o setor está "atrasado".
Temor
Além do aumento do número de invasões, os proprietários rurais temem uma possível vitória do PT nas próximas eleições.
O deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), ex-presidente da UDR, acha que o PT não vai conseguir fazer a reforma agrária e isto pode aumentar a violência no campo.
Antônio Cabrera, ex-ministro da Agricultura e presidente do PFL paulista, acredita que uma vitória do candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, "não vai estimular as invasões".
No entanto, ele teme que Lula não consiga segurar os setores mais radicais do partido, o que também pode gerar mais violência no campo. "Toda invasão é estimulada pelo PT, ou é protegida pelo partido", afirma o ex-ministro da Agricultura.
O presidente da UDR concorda com Cabrera. Para Santos, a consequência do possível aumento da violência vai levar a uma "reação" dos fazendeiros e pode gerar uma "tragédia".
Ele afirma que já alertou várias vezes o Ministério da Justiça sobre a situação no campo, mas diz que nada foi feito até agora.
Hoje, a UDR tem aproximadamente 80 mil filiados, segundo Santos. Na época do Congreso constituinte, quando realizava leilões de gado pelo país, a entidade chegou a ter 300 mil associados. (AM)

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