São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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Aos berros, Serginho se agarra ao empate

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele pode não ser um técnico convencional, mas resolve. Serginho Chulapa gritou feito louco, ontem no Pacaembu, com seus jogadores. Sentiu que o Santos poderia vencer. Mas o empate no clássico "foi bom, um resultado justo", afirmou o técnico nos vestiários. Mas reconheceu: "Cada jogo é um parto".
O Santos não venceu. Mas mostrou "tranquilidade", segundo Serginho, que fez o time obter o empate após levar um gol de pênalti logo no início do jogo. "Isso é muito bom para a equipe. Antes eles ficavam desesperados."
Não saber tocar a bola, em sua avaliação, foi a grande falha. "Bola foi feita para acabar na rede", explicou Serginho. "Berrei feito um louco para que eles tocassem a bola, principalmente após o Cléber ser expulso", disse.
Mas o treinador reconheceu que a expulsão do zagueiro palmeirense acabou deixando o jogo mais para o adversário. "É comum isso. Os dez que sobram se transformam. Mas foi uma falha e, sendo assim, não dá para concordar."
Há dez jogos no Santos –seis vitórias, três empates e apenas uma derrota–, Serginho reclamou muito do lance do pênalti. "O juiz deu lateral para nós e todo mundo se mandou para a frente. De repente, ele inverteu tudo e o Copertino não estava ligado", declarou.
Para o técnico, no entanto, o jogador não teve saída. "Tentou cabecear, não conseguiu e acabou esticando o braço. Acontece", disse.
O zagueiro Copertino repetiu o técnico. "Achei que o lateral era nosso e de repente era deles. Não tive escolha", afirmou.
Serginho não quis apontar culpados. Mas deixou escapar sua insatisfação com o meia Kobayashi e, principalmente, com o lateral Piá. "Não dá para recuar, põe a bola para fora do estádio, pô! Em futebol não dá para vacilar", reclamou.
O lateral Índio, autor do gol santista, afirmou que apesar do resultado, o time jogou bem. "Levamos o gol e soubemos ir à frente atrás do empate. Tivemos até chance de ganhar a partida. Mas tudo bem", disse.
Serginho concorda. "Falei na preleção. Nós temos que respeitar o adversário e não ter medo dele. É clássico. E sendo clássico, estrela ou raça dá no mesmo. Os jogadores têm que se superar", afirmou.
O treinador, no entanto, não negou sua participação na ascensão da equipe. "Fico de pé 90 minutos por jogo", disse, fazendo cara de sofrimento. Muitas das suas instruções não passam de bons palavrões. Mas funciona.
"Temos um diálogo de amigo para amigo com o Serginho", afirmou o meia Dinho, para quem o jogo foi "bom", assim mesmo, "entre aspas". (JHM)

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