São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Depeche Mode traz seu tecnopop a SP

MARCEL PLASSE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Show: Depeche Mode
Músicos: Martin Gore (guitarra e teclado), David Grahan (vocal), Andrew Fletcher (teclado) e Alan Wilder (teclado e bateria)
Quando: hoje e amanhã, às 21h30
Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, Lapa - zona oeste, tel. 252-6255)
Ingressos: CR$ 20 mil (pista), CR$ 30 mil (setor C) e CR$ 40 mil (camarote)

Depeche Mode, uma das principais bandas do pop mundial, estende ao Brasil a maior turnê de sua carreira.
A banda inglesa lançou o primeiro álbum em 81, no auge no movimento tecnopop. Dez álbuns depois, a tecnologia dos sintetizadores mudou completamente, e Depeche Mode descobriu a guitarra, a bateria acústica e os cabelos compridos.
Martin Gore, líder da banda desde o segundo disco, falou à Folha, por telefone, de Los Angeles, instantes antes de embarcar para São Paulo.
*
Folha – A "Devotional Tour" é a maior turnê da carreira do Depeche Mode. O que já aconteceu de peculiar nessa volta ao mundo?
Martin Gore – Muita coisa. Já tivemos quatro hospitalizações e duas prisões.
Folha – Prisões?
Martin Gore – Dave supostamente bateu num segurança de hotel. E eu fui preso por perturbar a paz. Estava tocando muito alto, num hotel em Denver, na América. Pediram para eu baixar o volume umas dez vezes. E, no final, a polícia veio me prender.
Folha – A banda está trazendo as telas de vídeo, que fazem parte do cenário da turnê, para os shows no Brasil?
Martin Gore – Para esta parte da turnê, estamos trazendo uma versão modificada do "set". Em vez das 11 pequenas telas de vídeo que tínhamos, trazemos uma única tela grande. E também estamos tocando um repertório diferente.
Folha – Depeche Mode chegou ao décimo álbum com "Songs of Faith and Devotion". O que você considera mais importante na evolução da banda?
GMartin Gore – A principal evolução foi a saída de Vince. Vince Clarke (hoje no Erasure) escreveu 99% das canções do primeiro álbum. Nossos estilos de composição são completamente diferentes. Houve uma mudança drástica quando eu assumi.
Folha – O que faz uma banda ficar junta por uma década?
Martin Gore – Acho que é doença mental. Todos temos desordens mentais estranhas.
Folha – O que leva uma banda conhecida por basear sua música no som de sintetizadores a, de repente, usar guitarras?
Martin Gore – Costumávamos ser muito esnobes em relação às guitarras. Por isso, levamos muito tempo para chegar à conclusão óbvia de que não devemos nos limitar; que devemos estar abertos para o instrumento que quisermos, se ele se prestar melhor à música.
Folha – Difícil não reparar que, além de você tocar guitarra, David Grahan deixou o cabelo e a barba crescerem. Foi um passo consciente na direção de uma imagem de banda de rock?
Martin Gore – Não acho que a banda mudou nesse sentido. Se você pegar fotos antigas, vai ver que a maioria da banda continua praticamente com o mesmo visual. Foi só Dave que mudou sua aparência e sua vida, de maneira dramática, nos últimos anos. Ele mora em Los Angeles, agora, e está sujeito às influências do lugar.
Folha – Qual é a sua opinião sobre as inúmeras bandas-clones do Depeche Mode?
Martin Gore – De certo modo, me sinto envaidecido. Mas quando a influência é muito óbvia, chega a ser desapontador, porque acho que as pessoas precisam tirar suas influências de diversas fontes, e não copiar um único grupo.
Folha – Você está compondo músicas para o próximo álbum? O que vem depois da guitarra?
Martin Gore – Depois da guitarra? O órgão. Brincadeira. Estamos na estrada desde maio, há quase um ano, e só vamos terminar a turnê em julho. Devemos dar uma longa parada ao final da turnê, o que significa que não faremos outro álbum tão cedo. O próximo disco pode ter mais guitarras ou ser todo de techno.

Texto Anterior: O grande guerreiro é intrépido e livre
Próximo Texto: Donnellan fala sobre Shakespeare na Folha
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.