São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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Curso Artepensamento começa amanhã em SP e quarta no Rio

SÉRGIO AUGUSTO
DA SUCURSAL DO RIO

Curso: Artepensamento
Inscrições: em São Paulo, na Secretaria de Estado da Cultura (r. da Consolação, 2.331, zona central); no Rio, na r. da Imprensa, 16, zona central; horário: das 10 às 16h
Preço: 30 e 20 URVs (estudantes)

Seu título (Artepensamento) já traz em si uma proposta de indissolubilidade: fazer arte e refletir sobre ela são atividades contíguas. "Arte e pensamento dizem a mesma coisa, só que de maneira diferente", escreveu Heidegger, sumariando um juízo cuja origem se perde no tempo. E que Cézanne resumiu à perfeição ao confessar que era a consciência da paisagem que nele próprio se pensava.
Teve o curso como ponto de partida os artistas que meditaram sobre a criação artística, a sua própria e a dos outros. Na pintura (Da Vinci, Cézanne, Matisse etc), na música (Schoenberg), na literatura (Joyce), na poesia (Baudelaire, Paul Valéry, Henri Michaux etc), no teatro (Brecht), no cinema (Eisenstein, Godard).
A eles acrescentaram filósofos arrebatados pela questão estética (Hegel, Nietzsche, Merleau-Ponty, Benjamin, Adorno) e até dois criadores –Jorge Luis Borges e o fotógrafo iugoslavo Evgen Bacvar (leia-se Eugen Bachuar)– que apesar de cegos enriqueceram com sua extraordinária visão a nossa maneira de ver, criar e pensar.
Apadrinhado em São Paulo pela Secretaria de Estado da Cultura e pelo Cedec, e, no Rio, pela Funarte/Ibac, com apoio da Embratel e da UFRJ, Artepensamento vai contar com o mesmo "dream team" de conferencistas dos cursos anteriores, acrescido de mais oito craques europeus.
Além de Bacvar, virão da França Jean-Michel Rey (especialista em Valéry), Marie-Anne Lescourret (que abordará os escritos de Liszt, Wagner e Schoenberg), Alain Madeleine-Perdrillat (que examinará as bases racionais sobre as quais Seurat tentou fundar sua pintura) e Marcelin Pleynet (lendário teórico das revistas "Tel Quel" e "Cinéthique", atualmente lecionando nos EUA, que discorrerá sobre o luxo, a calma e a volúpia na obra de Matisse); de Genebra virão Alain Grosrichard (estudioso dos textos musicais de Rousseau) e Jacques Leenhardt (experto em Duchamp) e de Portugal, Eduardo Lourenço (mestre em Fernando Pessoa).
Dedicado ao professor José Americo Motta Pessanha, que morreu antes de por no papel sua teoria sobre o "teatro das idéias em Platão", o novo curso da Funarte terá duas conferências (a de Marilena Chaui e a de Bacvar) transmitidas ao vivo, via satélite e em caráter experimental, para 50 cidades brasileiras. Se der certo, a partir do próximo Adauto Novaes e seus iluministas entrarão por inteiro na mídia eletrônica.
Aos retardatários, uma boa notícia: ainda restam 35 vagas para o curso no Rio e cerca de 200 em São Paulo.

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