São Paulo, quarta-feira, 6 de abril de 1994 |
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Manifesto pró-FHC já nasce imerso em crise
FERNANDO DE BARROS E SILVA
O nó que ameaça de morte o sucesso do movimento, antes mesmo de seu nascimento, é a menção ou não, na letra do manifesto, à aliança entre PSDB e PFL, hoje tida como praticamente irreversível. A idéia partiu do cientista político Bolívar Lamounier, em São Paulo, e do sociólogo Luciano Martins, no Rio. Tratava-se, originalmente, de procurar "legitimar" intelectualmente uma aliança política que encontra enorme resistência entre os simpatizantes que Fernando Henrique tem no meio acadêmico, onde foi criado. O vazamento da notícia de que tal documento estaria no forno provocou reações negativas, que foram seguidas ontem de um recuo estratégico por parte dos seus dois idealizadores. Ao saber do texto, o filósofo José Arthur Giannotti, adepto da candidatura FHC, avisou que não endossaria nada naqueles termos, já que via na aliança mais problemas que soluções. Contrariado, Bolívar Lamounier, entusiasta de primeira hora do acordo com os pefelistas, recolheu-se. Deixou nas mãos de Luciano Martins e Giannotti a redação do texto, que recebeu ontem, a quatro mãos, seu primeiro esboço em São Paulo. A versão final, sem menção ao PFL e com a devida lista de adesões à candidatura, deve vir a público na próxima semana. Ontem, em meio à água fria que caiu sobre o movimento, Bolívar comentava reservadamente que achava "esquisito" que seus pares defendessem a candidatura FHC e, ao mesmo tempo, condenassem a aliança. Chegou a usar o termo "esquizofrenia" para definir a situação dos colegas de manifesto. Luciano Martins não deixou por menos. Resumindo as dificuldades da aproximação do PSDB com o PFL, soltou a seguinte frase: "O problema é saber digerir o sapo sem se envenenar com ele". Texto Anterior: Cúpula dá acordo como certo Próximo Texto: Maluf diz que PPR só faz alianças em torno de candidatura própria Índice |
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