São Paulo, quinta-feira, 7 de abril de 1994
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MST não tem projeto econômico para reforma

AMÉRICO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O plano de reforma agrária que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) vai enviar aos candidatos à Presidência não apresenta nenhuma proposta concreta para viabilizar economicamente as desapropriações.
O projeto dos sem-terra foi transformado no documento "A Reforma Agrária que Queremos", aprovado no 7º Encontro Nacional do MST, realizado em dezembro.
Os sem-terra querem desapropriar, prioritariamente, "os maiores latifúndios em cada Estado, as terras das multinacionais, bancos e grupos econômicos".
Além disso, eles pedem que as "terras férteis" das Forças Armadas também sejam destinadas à reforma agrária. Como compensação, sugerem que os militares fiquem com áreas não-produtivas, "para utilização em exercícios".
No documento, os sem-terra enumeram 87 exigências e propostas para a reforma agrária. Eles pedem, por exemplo, distribuição gratuita de sementes por três anos aos novos assentamentos, além de "estímulo para a implantação de projetos de irrigação", mas não dizem quem vai pagar a conta.
O MST "exige" uma reforma agrária que garanta "metas mínimas de 500 mil famílias assentadas por ano". Segundo o ex-ministro da Agricultura Antônio Cabrera, "não se assenta uma família por menos de US$ 10 mil".
Cabrera afirma que esse dado foi obtido através de um levantamento feito pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) e pelo próprio Ministério da Agricultura.
Gilmar Mauro, um dos coordenadores nacionais do MST, reconhece que o documento não apresenta nenhuma proposta econômica para viabilizar a reforma agrária. Segundo ele, o documento é "mais uma pauta de reivindicação". Mauro afirma que o MST "não tem discutido suficientemente as propostas econômicas para saber de onde sairá o dinheiro para fazer a reforma agrária".

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