São Paulo, quinta-feira, 7 de abril de 1994
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Grupo será acusado de formar quadrilha

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia vai acusar por formação de quadrilha os seis acusados de abuso sexual contra as crianças da escola de Educação Infantil Base, na Aclimação (região central de SP). A informação é do delegado Edélcio Lemos, 38, do 6º DP.
Segundo o delegado, todos os acusados agiram em conjunto e com os mesmos objetivos e praticaram mais de um crime. Por isso, disse Lemos, serão acusados por formação de quadrilha. A pena para esse crime é de um a três anos.
Ele já havia decidido indiciar os acusados por atentado violento ao pudor (todo ato sexual violento diferente do sexo entre homem e mulher com penetração vaginal). Neste caso, a lei prevê uma pena de dois a sete anos.
Até as 18h de ontem, só o casal Saulo da Costa Nunes, 32, e sua mulher, Mara Cristina França Nunes, 25, estavam presos. As diretoras da escola e seus maridos permaneciam foragidos. Todos negaram as acusações.
A polícia tem contra eles depoimentos de mães de alunos e seus filhos e um laudo que constatou em F.J.T.C., 4, marcas "compatíveis" com violência sexual. Na tarde de ontem, o delegado revelou como classificará a conduta dos acusados.
Ele disse que Icushiro Shimada, 49, e sua mulher, Maria Aparecida Shimada, 45, sócia da Base, serão acusados de acobertar as saídas das crianças da escola para serem levadas às sessões de filmes e fotos pornográficos.
O motorista de perua escolar Maurício Monteiro Alvarenga, 31, será acusado pela polícia de transportar as crianças para o local onde elas sofreriam violência sexual e de abusar de alunos de até seis anos dentro da Kombi.
Paula Milhim Monteiro Alvarenga, 27, dona da escola e mulher de Maurício, deverá ser acusada de participar de orgias na frente das crianças e de usá-las em sessões de filmes e fotos pornográficos.
O delegado disse que o casal Saulo e Mara Cristina deverão ser acusados de agir da mesma forma que Paula. A polícia também diz que o menino F.J.T.C. foi levado para o apartamento do casal, onde teria sofrido abuso sexual.
No fim da tarde de ontem, Saulo, que é operador de televendas, foi transferido do 6º DP para uma cela especial no 69º DP, na Cohab Teotônio Vilela (zona leste).
A transferência de Saulo deveria ter sido feita ontem à noite, mas não foi possível, segundo a polícia, "por razões" de segurança. "Sou totalmente inocente. Como a polícia pode prender alguém sem provas", disse Saulo.
Duas mães de alunos da escola Base foram até a delegacia e defenderam Saulo. Elas disseram que ele nunca abusaria de crianças. Ao mesmo tempo, as mães acusam as diretores da escola.
A dona-de-casa Sílvia Aparecida de Oliveira Souza, 23, disse que sua filha V.O.S., de 2 anos e 11 meses, lhe contou que a "tia levantava a blusa" e mostrava os seios e que ela "mexia aqui" (mostrando a região pubiana).
Sílvia não quis prestar depoimento. O delegado disse que não precisará ouvi-la, pois "a conduta criminosa dos acusados está provada". A políca está tentando prender os quatro acusados foragidos.

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