São Paulo, quinta-feira, 7 de abril de 1994
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Incêndio em hospital mata 7 e deixa 9 desaparecidos

SILVIA QUEVEDO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Um incêndio no Hospital de Caridade causou, na madrugada de ontem, horas de pânico e tensão em Florianópolis (SC). Pelo menos sete pessoas morreram carbonizadas e, até a noite, nove continuavam desaparecidas.
O fogo começou por volta de 23h30, entre as alas São Camilo e Senhor dos Passos, que ficavam nos andares de madeira da chamada "parte velha" do hospital.
Segundo os bombeiros, o incêndio na parte de cima provocou o desabamento dos três andares.
Com 230 anos, mantido pela Irmandade Nossa Senhora dos Passos, o Caridade é o mais antigo do Estado e o maior hospital privado da cidade. Estavam internados 184 pacientes, que foram retirados até pelas janelas.
O Corpo de Bombeiros de Florianópolis foi acionado às 23h45. O primeiro carro chegou em dez minutos, quando o pânico já havia tomado conta das pessoas.
Cerca de cem homens trabalharam no combate às chamas e no salvamento dos doentes, transferidos a seis hospitais da Grande Florianópolis.
Moradores da favela do Morro do Mocotó, que fica atrás do hospital, auxiliaram no resgate das vítimas.
Eles disseram que nunca viram "nada igual". "Foi um desespero só. Vi um senhor passando com uma malinha na mão, segurando o ferimento, e velhos segurando com a mão o litro de soro. Todos choravam e assim como apareciam, sumiam", afirmou a moradora Marinês de Souza Moraes, 19.
Até ontem, as causas da tragédia eram ignoradas. A mais provável, na avaliação de bombeiros e diretores que estiveram no local, é a de que possa ter havido um curto-circuito na instalação elétrica.
Além do material sucateado, da escada magirus (que sobe na vertical) quebrada, os bombeiros contam com apenas cinco carros de combate ao fogo para atender dez municípios da Grande Florianópolis.
O reforço foi dado pelos municípios de Itajaí, Blumenau, Brusque e Camboriú, que ficam em média a 100 km de Florianópolis.
As chamas só foram controladas às 2h, mas ontem à tarde algumas guarnições ainda apagavam os últimos focos do incêndio.
O governador Antônio Carlos Konder Reis (PPR) esteve no local pela manhã e prometeu investimentos na melhoria das condições de trabalho dos bombeiros.
O superintendente do hospital, Armando Taranto Júnior, 42, estimou um prejuízo material de US$ 70 milhões.

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