São Paulo, quinta-feira, 7 de abril de 1994 |
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Atentado não compromete processo de paz
SÉRGIO MALBERGIER
O massacre de Afula (norte de Israel), na véspera do Dia do Holocausto, vai causar em muitos israelenses a mesma revolta e ódio causados nos palestinos após o massacre de Hebron (Cisjordânia ocupada), há seis semanas. Mas neste caso o efeito nas negociações de paz entre Israel e OLP será ainda menor. A enfraquecida OLP teve que suspender o diálogo e exigir concessões de Israel após o massacre de Hebron para aplacar a fúria palestina. O resultado foi uma aceleração da retirada israelense da faixa de Gaza e Jericó (Cisjordânia), onde deve ser instalada em meados de maio a futura administração palestina, provavelmente já com a presença do líder da OLP, Iasser Arafat, em Jericó. Os soldados israelenses que saíram de Gaza na semana passada deram graças as Deus por estarem deixando uma das regiões mais miseráveis do mundo, onde passavam meses sendo alvos diários de pedradas das crianças palestinas. O movimento para a paz não tem volta. Tanto Arafat quanto o premiê israelense, Yitzhak Rabin, apostaram tudo no acordo assinado em setembro. Israelenses e palestinos só têm a ganhar com a paz. O massacre de ontem é mais uma prova disso. Grupos fundamentalistas extremistas como o Kach (israelense), ao qual pertencia o assassino de Hebron, e o Hamas (palestino), ao qual pertencia o assassino de Afula, vão continuar a fazer de tudo para interromper a paz, como vêm prometendo desde o anúncio das negociações entre Israel e OLP. Israel já prendeu alguns líderes do Kach, mas o Hamas, que Israel fomentou na década de 80 para enfraquecer a OLP, é visto como uma hidra. Quanto mais militantes são presos, mais surgem. Os benefícios da paz são o melhor antídoto contra eles. Texto Anterior: Carro-bomba faz 8 mortos em Israel Próximo Texto: Negociação pára no Cairo Índice |
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