São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994
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Escreveu, não leu...

A notícia principal dos jornais e das TVs havia dias era o conflito entre o Executivo, o Judiciário e o Congresso por causa do reajuste salarial baseado na URV. O caso ameaçava tornar-se uma crise institucional. Pressionado, o Planalto decidiu se manifestar oficialmente.
Itamar mandara o assessor Mauro Santayana redigir um pronunciamento que seria lido em cadeia de TV pelo então ministro da Justiça, Maurício Corrêa. Já com o texto nas mãos, o presidente mandou chamar o ministro.
Quando Corrêa entrou no gabinete, lá estavam, além de Itamar, seus amigos e auxiliares José de Castro e José Aparecido. O ministro ouviu a explicação presidencial, mas contestou a ordem para ler o texto:
– Presidente, o senhor sabe que eu falo bem de improviso, preferia não ler o texto.
Como Itamar enrugara a testa em sinal de discordância, Corrêa tentou um último argumento:
– Se eu falar alguma besteira o senhor me demite...
Itamar foi cruel:
– Você eu posso demitir, mas sua besteira seria indemissível.
Corrêa leu o discurso.

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