São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Custos da intolerância A volta de 50 exilados palestinos a Gaza e Cisjordânia e o simultâneo anúncio do início da retirada israelense de Gaza devem ser saudados como os primeiros resultados mais concretos do acordo de paz entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), firmado em setembro último nos EUA. Não se devem, contudo, nutrir ilusões. As dificuldades que o processo de paz deverá enfrentar são certamente maiores do que marcos simbólicos como os desta semana. Do terror à insanidade, passando pela fria indiferença em relação aos destinos de toda uma população, tudo contribuiu, de parte a parte, para fomentar ainda mais um ódio irracional entre os dois povos, que muito têm em comum: desde a terrível experiência da diáspora à crença num Deus comum. O cenário é ainda mais preocupante quando se considera que ambas as partes têm em suas fileiras um considerável exército de radicais que não pouparão esforços para sabotar o processo de paz, como o atestam o sangrento massacre da Tumba dos Patriarcas e o ataque suicida de anteontem contra um ônibus civil de israelenses. Desde a assinatura do acordo, 140 palestinos e 40 judeus já foram mortos. De todo modo, os simples fatos de que um tratado de paz foi assinado e de que os entendimentos vão lentamente se firmando colocam a esperança de que uma das regiões mais conturbadas do planeta desde a Pré-História venha a ser finalmente pacificada. Ontem os judeus celebraram o Yom Hashua, o dia dedicado à memória dos 6 milhões de vítimas do nazismo. É uma excelente oportunidade para que israelenses e palestinos reflitam sobre os trágicos custos da intolerância. Texto Anterior: Paladinos da ignorância Próximo Texto: Pinóquio de penas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |