São Paulo, sábado, 9 de abril de 1994
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Oportunidade

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O escândalo do bicho cresce em gravidade, com o desaparecimento de quatro das testemunhas, como ressaltou a manchete do Jornal Nacional. Nem assim é possível conter o festival de aproveitadores que vai surgindo, dia após dia. Ontem, enquanto um dos procuradores, Antônio José Campos Moreira, denunciava a "queima de arquivos", políticos apareciam para defender o seu.
Como o senador pedetista Darcy Ribeiro, que disse à rádio CBN que os políticos não devem ser punidos, pois o jogo do bicho está incorporado à cultura carioca. Como o deputado petista Maurício Faria, que entrou com pedido de cassação do prefeito Paulo Maluf. Como o procurador da Câmara, Vital do Rêgo, no SP Já de ontem, afirmando desconhecer a lista, já publicada.
Mas ninguém está aproveitando melhor a situação, de qualquer maneira, do que o próprio Jornal Nacional. Pela edição de ontem, o escândalo não é do bicho, mas de Leonel Brizola. Só de Leonel Brizola e companheiros. Nada, é claro, de João Havelange.
Perdendo a calma 1
O âncora Boris Casoy, do TJ, estava em dia difícil. Primeiro, inventou de fazer um ataque grosseiro aos políticos todos, sem exceção. "Fica difícil dizer quem é homem, quem é porco." Depois, pediu a cabeça de César Maia e Nilo Batista: "Ou renunciam, ou se mete um impeachment neles." Não, Boris Casoy não exigiu o mesmo para Paulo Maluf.
Perdendo a calma 2
Fernando Henrique Cardoso, o festejado "homem cordial", é outro que não enfrentou um dia fácil. Irritado com o próprio partido e com outros, diante da dificuldade para fechar alianças, sobretudo no Paraná, FHC surgiu no Jornal da Record e no Jornal Bandeirantes dizendo estar "cansado" dos partidos. Atacado, ele desabafou: "Essa politiquice me cansa."
Revisão lá
Agora acaba. Começou com o tucano Artur da Távola, que defendeu o adiamento da revisão constitucional. Ontem, foi o quercista Alberto Goldman quem apareceu na rádio CBN com uma emenda mandando tudo para 1995. O PFL de Roberto Marinho não quer, no que é acompanhado de perto por Fernando Henrique, mas o resto está mesmo decidido a trabalhar só pela reeleição.

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