São Paulo, sábado, 9 de abril de 1994
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Procurador pede quebra de sigilo bancário

EDNA DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

A Procuradoria de Justiça do Rio já pediu a quebra do sigilo bancário de pelo menos oito contas que serviriam para o pagamento de propinas por banqueiros do jogo do bicho.
A Folha apurou que anteontem a promotora Lúcia Tala entregou uma notificação na agência Bangu (zona oeste do Rio) do Unibanco, pedindo, por ofício do procurador-geral, Antônio Carlos Biscaia, "cópias fotostáticas" dos cheques apreendidos na fortaleza do bicheiro Castor de Andrade.
Os nomes dos emitentes dos cheques eram sempre rasurados. Isto, na avaliação dos promotores do Estado, seria um indício da existência das chamadas "contas fantasmas" –prática revelada na apuração da CPI do PC.
As cópias fotostáticas, requisitadas por Biscaia, incluiriam além dos extratos bancários, as cópias dos cheques e depósitos, e a movimentação diária de cada uma das contas investigadas.
Uma das oito contas –duas de poupança vinculadas e seis contas correntes– seria do próprio Castor de Andrade.
A estratégia da investigação traçada por Biscaia não inclui a quebra do sigilo de todas as pessoas listadas nos livros da contabilidade dos bicheiros.
A idéia, segundo apurou a Folha, é começar pelas contas dos cheques apreendidos acompanhando saques e depósitos. Propondo a quebra de acordo com a necessidade. Além da quebra do sigilo bancário, o Ministério Público do Estado já está trabalhando com as contas telefônicas dos "escritórios" do jogo do bicho.
A intenção dos promotores que investigam o "escândalo do jogo do bicho" é, através do levantamento telefônico, traçar a rota do tráfico de drogas coordenado pelos bicheiros.
A documentação, incluindo as contas de quatro telefones celulares, está sendo remetida ao MP pela Telerj (Telecomunicações do Rio de Janeiro) aos poucos.
Há contas telefônicas com mais de cinco páginas. Nas contas há registro de ligações para Mato Grosso, São Paulo, Rio, Angra e Triângulo Mineiro.
Os cheques que servirão de ponto de largada para a investigação bancária do "escândalo do jogo do bicho" estavam dentro dos cinco cofres apreendidos pela polícia e onde foram encontrados os disquetes e livros da contabilidade dos bicheiros.

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