São Paulo, sábado, 9 de abril de 1994
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Garantias ao acordo ficarão na Suíça

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O governo brasileiro acertou ontem nos EUA os últimos detalhes para finalizar o processo de renegociação de sua dívida externa com os bancos internacionais.
O país receberá até terça-feira autorização para usar o BIS (Bank for Internacional Settlements), na Basiléia (Suíça), como instituição depositária das garantias que vai oferecer aos credores. O BIS é o banco central dos bancos centrais.
Além disso, já conseguiu autorização do Eximbank (instituição para financiamento do comércio internacional) japonês e do Banco Mundial para usar essas mesmas garantias no acordo da dívida.
O governo brasileiro deve fechar o acordo com os credores na próxima sexta-feira, dia 15, em Nova York. O presidente do Banco Central, Pedro Malan, deverá assinar o acordo com o presidente do Comitê Assessor dos Bancos Credores, William Rhodes, que é vice-presidente do Citibank.
O país (que deve um total de US$ 134 bilhões) está renegociando US$ 52,9 bilhões nesse momento: US$ 35 bilhões com os credores privados internacionais, US$ 6,9 bilhões com os bancos brasileiros no exterior, US$ 4 bilhões do dinheiro novo emprestado
ao país em 1988 e US$ 7 bilhões de juros atrasados entre 1991 e 94.
No dia 15, o Brasil deve apresentar garantias aos credores no valor de US$ 2,8 bilhões em títulos do governo americano (cupons-zero) para poder renegociar sua dívida em um prazo mais longo e a juros menores.
Esses cupons é que ficarão depositados no BIS. São papéis com prazo de 30 anos até o vencimento e que pagam juros zero (por isso o nome cupons-zero).
O problema é que o país não poderia usar os US$ 2,8 bilhões porque tem contratos com instituições internacionais (Banco Mundial e Eximbank, por exemplo) que dão a elas o direito de requerer do país garantias iguais às que estão sendo oferecidas no novo acordo.
Segundo a Folha apurou ontem junto ao Banco Mundial e ao FMI (Fundo Monetário Internacional), até terça-feira o Eximbank dos Estados Unidos também deve autorizar o país a usar os US$ 2,8 bilhões, dando waiver (dispensa) de apresentar idênticas garantias.

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