São Paulo, sábado, 9 de abril de 1994
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Última música da banda fala de suicídio

MARCEL PLASSE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A última música lançada em disco pelo grupo Nirvana se chama "I Hate Myself and I Want to Die" (eu me odeio, quero morrer), na coletânea "The Beeves and Butt-Head Experience".
A frase podia ser lida, riscada na camiseta de Kurt Cobain, durante a maior parte da passagem da banda pelo Brasil.
Kurt chegou a garantir, na época, que o novo disco do Nirvana teria aquele frase suicida como título. Sua mulher, Courtney Love, chegou a desabafar: "Ele é bem capaz disso." O disco acabou se chamando "In Utero".
O show do Nirvana, durante a parte paulista do Hollywood Rock 93, impressionou pela sinceridade com que Cobain se dispôs a destruir a imagem do sucesso. Ele não se sentia a vontade com a fama. O show foi um espetáculo de autodestruição.
Perguntado sobre se havia a possibilidade de a banda implodir devido à performances como aquela, Cobain riu, garantindo que a banda não acabaria.
Na última turnê européia, que resultou na internação de Cobain num hospital romano, os shows foram ainda mais deprimentes.
A imprensa européia registrou várias reclamações de fãs, que se sentiram roubados pela péssima qualidade das apresentações.
Na mesma semana em que Cobain foi internado em coma, a imprensa musical inglesa publicava declarações do cantor, afirmando que estava levando uma vida saudável, longe das drogas.
Cobain entrou em coma porque misturou Rohypnol, um forte calmante, com champanhe. Entre os vários efeitos colaterais causados pelo excessivo consumo de Rohypnol, estão a depressão e a ativação de tendências suicidas.
Na ocasião, a tese de tentativa de suicídio por excesso de drogas chegou a ser levantada.
A coletânea de faixas de compacto, "Incesticide" (92), tirou seu nome da fusão das palavras incesto e suicídio, em inglês.
A frase que marcou o principal LP da banda, "Nevermind"(90), foi "I don't care" (não me importo), gritada em praticamente todas as faixas.
Se ele não se importava consigo mesmo, importava-se muito em gravar e ceder músicas para causas humanitárias e ideológicas, como a defesa do direito de aborto e a luta contra a Aids.
Apesar de fazer parte de uma grande gravadora, Nirvana ainda encontrava tempo para ceder faixas inéditas para ajudar pequenos selos independentes.

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