São Paulo, sábado, 9 de abril de 1994
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URV serve para medir a mudança de preços

JOSÉ ROBERTO CAMPOS

O metro mede a distância, o relógio mede o tempo e a URV mede uma coisa mais difícil –a mudança dos preços. Lançada pelo ex-ministro Fernando Henrique Cardoso, a URV é mais uma sigla, companheira das outras que estão por aí, IGP-M, IPC, INPC etc.
Ela funciona assim. Todos os dias, nos jornais, você tem uma URV em porcentagem. A de terça-feira passada estava em 43,55%. Quer dizer que o governo, usando sua maquininha de calcular, concluiu que os preços das coisas estão subindo 43,55% em abril.
Mas ao lado da URV você verá um valor -CR$ 967,16 na mesma terça-feira, dia 5 de abril. Ele indica que se você tinha, suponhamos, uma URV no bolso no início do mês, ela teria o valor indicado acima. Qual a vantagem?
Se você ganha uma mesada de CR$ 5 mil por semana, por exemplo. Como os preços sobem sempre, você comprava no início da semana um álbum de figurinhas. No final dela o dinheiro não dava mais para ter o álbum. E seu pai não topava aumentar a mesada toda semana. Com a URV, você teria mais o menos o dinheiro de um álbum de figurinha sempre.
Agora suponha que a economia toda vire um bando de gente que ganha mesada e de gente que dá mesada. Para quem recebe em URV, é ótimo. Para quem paga, pode não ser um grande negócio ter de pagar mais dinheiro todos os dias. É mais ou menos o que está acontecendo na discussão de quem tem imóvel com quem paga o aluguel, por exemplo. Ou do dono da escola com seu pai, que paga a mensalidade.
Se você tem um pai pão duro, não tenha dúvidas –peça a URV na sua mesada.

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