São Paulo, domingo, 10 de abril de 1994
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Ricupero vive dilema com salário da Receita

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, quem mandou segurar o novo regimento da Receita Federal, que já havia sido aprovado e assinado pelo seu antecessor, o senador Fernando Henrique.
Ricupero aceitou as ponderações do secretário-executivo da Fazenda, Clóvis Carvalho, segundo as quais seria inoportuno introduzir esse novo regimento, que cria 2.000 novas gratificações.
A sustação do novo regimento levou o secretário da Receita, Osiris Lopes Filho, a ameaças se demitir. A Folha apurou que FHC assinou o regimento a pedido do secretário Osiris em seu último dia como ministro, em 30 de abril, às 11 da noite.
O ex-ministro não negou o pedido de Osiris. Mas não estava convencido, tanto que pediu a Carvalho que desse "uma nova olhada no assunto".
Segundo a assessoria de Carvalho, o novo regimento, de fato, não cria cargos e extingue cerca de 1.300 funções. Mas cria outras 2.000 funções com remuneração superior.
O novo regimento aumentaria os gastos com salários em US$ 50 milhões por ano.
Não é muito. O problema são os outros setores. As Forças Armadas também têm um projeto criando funções gratificadas.
Só que custaria US$ 1,4 bilhão por ano, metade do dinheiro do Fundo Social de Emergência, pelo qual o governo brigou com o Congresso por três meses.
E a crise está nas mãos de Ricupero. Se aceitar o novo regimento da Receita, não terá condições morais e políticas de rejeitar pedidos de outros setores e compromete o ajuste fiscal.
Inclusive dos funcionários das secretarias de Orçamento e do Tesouro, em greve por mais US$ 20 milhões por ano em gratificações.

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