São Paulo, domingo, 10 de abril de 1994
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Japão premia cientista brasileiro

CLÁUDIO CSILLAG
EDITOR-ASSISTENTE DE CIÊNCIA

Afrodisíacos para besouros. Graças a eles –e à importância econômica que eles têm– o pesquisador brasileiro Walter Soares Leal recebeu, há uma semana, o que é considerado o segundo maior prêmio científico do Japão (o principal é outorgado a cientistas em fim de carreira).
Como se não bastasse, Leal, de 40 anos, ainda tem o mérito de ser o único estrangeiro a ter recebido o prêmio, chamado Gijitsusho.
O Gijitsusho ("Prêmio Tecnologia") é outorgado pela centenária Sociedade Japonesa de Biociência, Biotecnologia e Química Agrícola, que pode ser comparada, grosso modo, à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
A palavra técnica da substância que o cientista estuda é feromônio.
"São substâncias que insetos emitem para atrair outros indivíduos, especialmente para acasalmento", disse Leal de seu laboratório no Ministério da Agricultura (onde, aliás, é o único estrangeiro empregado), em Tsukuba.
O cientista desenvolveu um método que permitiu a identificação de feromônios produzidos por oito espécies de besouros.
Conhecidos no Brasil como coró, esses besouros (do tipo escarabeídeo) são pragas importantes que atacam plantações, como as de soja e de trigo.
"Nós produzimos esses feromônios em laboratório e os usamos em armadilhas para proteger a plantação", explica.
"Os insetos machos são atraídos e acabam morrendo sem acasalar."
As vantagens de usar feromônios são muitas. Além de não serem tóxicos, eles não atuam indiscriminadamente sobre outras espécies, como fazem os defensivos agrícolas.
Eles são também muito eficazes. Armadilhas com um miligrama do produto são capazes de capturar milhares de insetos.
Eficaz também é o Ministério da Agricultura japonês, que detém as patentes dos produtos. Dos oito feromônios identificados, quatro já são comercializados.

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