São Paulo, domingo, 10 de abril de 1994
Texto Anterior | Índice

Betinho e o bicho; Reforma agrária; Reservas morais; O tombo do senador; "Assembléia exclusiva"; Cadê o programa; Memória musical; Discriminação

Betinho e o bicho
"Quem conhece Herbert de Souza sabe quais são seus princípios e seus ideais. A prova está no testemunho de doação ao próximo que a todos nós oferece, preocupado com a vida dos aidéticos, das crianças e com a miséria de nosso povo. A referência a seu nome na lista dos que receberam ajuda de Castor de Andrade nasceu, sem dúvida, do anseio de auxiliar os necessitados e não significa que este dinheiro teve, no caso, proveniência ilícita."
D. Luciano Mendes de Almeida, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Brasília, DF)

"Os jornalistas Janio de Freitas e Gilberto Dimenstein analisaram de modo apropriado o caso da contribuição recolhida pela Associação Brasileira Interdisciplinar da Aids, presidida por Herbert José de Souza, por parte de banqueiros do jogo do bicho. Tenho por Betinho amizade e um grande respeito político. É inestimável a contribuição que ele tem dado ao longo de sua vida, das mais diferentes formas, à luta pela democracia e pela justiça social em nosso país. Betinho não obteve recursos para seu enriquecimento pessoal, nem ofereceu em troca favores oficiais, já que não exercia nenhum cargo público. Sua conduta não pode, portanto, ser confundida com a dos que assaltaram o erário público nos últimos anos ou com a de autoridades que tenham recebido propinas para omitir-se na repressão a atividades delituosas. Cabe destacar também a coragem com que Betinho prestou contas à opinião pública e alertou, humildemente, que nenhum ser humano pode ser considerado um santo isento de falhas."
José Serra, deputado federal pelo PSDB-SP (São Paulo, SP)

"Uma é receber dinheiro para atividades assistenciais e culturais, como é o caso de Betinho e de grandes escolas de samba, que não oferecem contrapartida ao crime organizado. Outra é o suborno a parlamentares, funcionários públicos do Executivo e do Judiciário e jornalistas que prestam serviços de apoio à organização do crime. A confusão entre uma e outra só favorece ao segundo tipo de beneficiário do dinheiro do bicho."
Pedro Paulo Lomba, presidente da Sociedade das Florestas do Brasil (Rio de Janeiro, RJ)

"Sobre o artigo intitulado 'Betinho é vítima', de Gilberto Dimenstein (8/04), só posso concordar com tudo que ele escreve."
Patrícia Urdiale de Goes (São Paulo, SP)

"Concordo na íntegra com o artigo de Janio de Freitas publicado dia 7/04. Que maravilha seria o nosso Brasil com mais uns dez Betinhos lutando por causas justas."
Claudio Roberto Gullo (São Paulo, SP)

"O dinheiro do bicho já serviu para bancar políticos, polícia, fazer contrabando de armas, tráfico de drogas e patrocinar escolas de samba; mas pela primeira vez ajudou uma causa, não muito habitual, que é o esclarecimento e combate a uma doença mortal como a Aids."
Marisa Pereira Elias Benvenuto (São Paulo, SP)

"Neste país é muito fácil atirar a primeira pedra e muito difícil tirá-las do caminho."
Mauro Grossi Baptista (São Caetano do Sul, SP)

Reforma agrária
"Com relação ao artigo intitulado 'Sem-terra querem triplicar invasões este ano', publicado no dia 4/04, gostaria de prestar ao prezado colega algumas informações, relativas à reforma agrária, em contraponto às afirmações do senhor Gilmar Mauro, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, segundo as quais 'os presidentes Fernando Collor de Mello e Itamar Franco fizeram poucas desapropriações'. Antes do presidente Itamar Franco assumir, a reforma agrária encontrava-se, efetivamente, completamente estagnada. No governo Collor, tanto em 1991 quanto em 1992 não foram efetuadas quaisquer desapropriações de terras para reforma agrária. Com vistas a acelerar seu ritmo, o governo Itamar Franco buscou, inicialmente, aprovar legislação complementar à Constituição de 88, em articulação com o Congresso, que propiciasse uma 'moldura legal' destinada a evitar longas pendências judiciais e burocracia emperrada. No Programa Emergencial de Reforma Agrária, criado pelo presidente Itamar Franco, foram declarados de interesse social, até 31 de dezembro último, para fins de reforma agrária, 554 mil hectares, totalizando 87 imóveis em 23 Estados brasileiros e atingindo 13.825 famílias. Foram assentadas 4.268 famílias em 37 novos projetos, numa área de 165.091 hectares, além de 2.700 famílias em projetos já criados, numa área de 135 mil hectares, totalizando cerca de 21 mil famílias com acesso à terra. Em 1994, foram desapropriados 52.376 hectares, num total de 22 fazendas (com o benefício a 6.180 famílias), havendo previsão de ser aprovado, em abril corrente, pacote com mais dez desapropriações, com mais de 55 mil hectares."
Geraldo Lúcio de Melo, assessor especial de Comunicação Intergovernamental (Brasília, DF)

Reservas morais
"Parece que o editorial da Folha, 'Ressuscitar a revisão' (2/04), refletia um pouco o espírito da Semana Santa. Entretanto, quem, em sã consciência, garante que este Congresso tem reservas morais para fazer a revisão?"
Hildebrando Souza Menezes Filho (Brasília, DF)

O tombo do senador
"Totalmente lamentável a foto publicada pela Folha na capa, em 7/04, mostrando o tombo do senador Maurício Corrêa. O ex-ministro Maurício Corrêa realizou um belíssimo trabalho à frente do Ministério da Justiça, sobretudo pela sua atuação na defesa dos direitos humanos, e fotos como esta em nada engrandece o nome da Folha."
Renato Isnard Khair (São Paulo, SP)

'Assembléia exclusiva'
"Acompanho com muito interesse o trabalho de Clóvis Rossi na Folha, já sou seu leitor de muitas manhãs. Aproveito esta para aumentar o número de partidários da 'Assembléia Constituinte Exclusiva'. Está na hora de se fazer leis de forma honesta e sadia."
Marco Antonio Santos Vicente (São Paulo, SP)

Cadê o programa?
"Bem lembrado por nossa ombudsman que até agora só é de conhecimento público o programa de governo de Lula do PT. Gostaria imensamente que antes do PSDB lançar um candidato e seu vice apresente seu programa. Não se fala nisso no PSDB, só no vice."
Maria da Graça Nogueira (São Paulo, SP)

Memória musical
"Agradeço a todos da Ilustrada e, em especial, ao Eduardo Simantob, pelo espaço dado ao projeto Memória Musical Brasileira, na edição de 2/04. Em complementação ao que foi publicado, esclareço que aquela gravadora, da qual fui artista contratado e diretor-artístico, não enfatizava unicamente um olhar retrospectivo sobre a música brasileira. Voltava-se também (em sua última fase) para a contemporaneidade e para a experimentação: ali, pela primeira vez no país, foi gravada comercialmente uma canção atonal sobre poema concreto ('Lygia Fingers', minha e de Augusto de Campos, 1976); logo depois, produzimos 'Interregno', o segundo e último disco do bruxo Walter Smetak (79), e outros títulos de música contemporânea."
Marcus Vinícius, compositor (São Paulo, SP)

Discriminação
"Como bom brasileiro, gosto de futebol e tenho um clube de minha simpatia que é a Portuguesa. Sirvo-me da presente para perguntar-lhe por que tanta discriminação com meu clube? Não temos nenhum espaço nas páginas de Esporte. Quando quero ter notícias do clube, sou obrigado a recorrer a outro jornal. Este fim-de-semana foi demais, jogamos no Canindé no sábado e não tivemos nenhuma notícia (só o resultado dentro da matéria do São Paulo) no domingo e nem na segunda."
Jaime Fernandes (São Paulo, SP)

Texto Anterior: A crise do HC
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.