São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994 |
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Elite brasileira temia a revolta dos escravos
RICARDO BONALUME NETO
O historiador Jaime Rodrigues abandonou essa concepção para estudar em sua tese de mestrado as discussões da elite política brasileira, entre 1800 e 1850, sobre o futuro do tráfico de escravos. Essas discussões não eram um mero preliminar à libertação dos negros, mas sim reflexos da inquietude da elite política. Os donos do poder estavam interessados em projetos para o país que não significassem perda de seu controle sobre a sociedade, mas que resolvessem os "males sociais" atribuídos aos africanos. Um risco que Rodrigues lembra estava sempre presente nas mentes dos senhores de escravos e de seus representantes no Parlamento era o de "haitianização" do país. Em 1791 os escravos haitianos se revoltaram contra os senhores coloniais franceses, o que levou ao fim da escravidão em 1794. Em 1801, após outra revolta, Toussaint L'Ouverture, filho de escravos, se tornou o primeiro presidente do Haiti. E Jean Jacques Dessalines se proclamou imperador haitiano em 1804, após expulsar os franceses com ajuda inglesa. Como exemplo, Rodrigues lembra o relato de policial no Rio mandando negros arrancarem do peito desenhos de Dessalines. Essas descobertas entre os negros mostram que a discussão sobre o futuro da escravidão não se limitava aos poderosos. "As idéias de reforma extrapolavam o âmbito do Parlamento", diz Rodrigues. O tráfico estava no centro dos debates, em parte porque era combatido pela Grã-Bretanha. Havia negros que achavam que os ingleses os ajudariam, como ajudaram aos haitianos. Texto Anterior: PM prende gangue do rolex nos Jardins Próximo Texto: Travestis cobram programa em URV Índice |
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