São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994 |
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EUA vivem nova onda de combate ao fumo
FERNANDO CANZIAN
O cerco se fecha cada vez mais. As indústrias passaram a ser acusadas de viciarem seus clientes com doses adicionais de nicotina. "Nós vamos provar que a indústria de cigarros conspirou para agarrar você, matar você." A frase, do advogado Melvin Belli, visa incitar fumantes a se engajarem em uma ação movida contra as indústrias de cigarros dos EUA. Os advogados prometem processos de US$ 50 mil para cada fumante. A ação alega que as fábricas colocam propositadamente mais nicotina nos cigarros para viciar os fumantes. O Departamento do Trabalho dos EUA apresentou proposta ao Congresso para banir os cigarros de todos os locais de trabalho. A proposta atinge 6 milhões de locais, de escritórios a restaurantes. Multas contra infratores deverão ser de mais de US$ 17 mil. O segundo golpe foi direto no bolso dos fumantes. Um subcomitê do Congresso aprovou proposta de aumentar de US$ 0,24 para US$ 1,49 o imposto sobre cada maço de cigarro. Cerca de US$ 16 bilhões por ano seriam arrecadados a mais com a medida. Além dessa proposta, senadores e deputados estão prestes a aprovar uma lei que vai proibir o cigarro em todas as escolas que recebem qualquer tipo de ajuda financeira do governo federal. A Agência de Proteção ao Meio-Ambiente dos EUA sustenta que 3.000 "fumantes passivos" morrem todos os anos no país por causa da fumaça alheia. Cerca de 200 mil pessoas, segundo a agência, sofrem de bronquite ou pneumonia pelo mesmo motivo. A indústria de cigarros enfrentou um novo golpe no final da semana passada. A rede de TV ABC veiculou reportagem acusando as empresas de colocarem doses maiores de nicotina nos cigarros. A Philip Morris, maior indústria do setor nos EUA, está processando a emissora em US$ 10 bilhões por falsas acusações. À controvérsia somaram-se as declarações do comissário do FDA (Food and Drugs Administration, órgão federal que regula remédios e alimentos), David Kessler. Ele afirmou que 17 milhões de americanos tentam parar de fumar todos os anos, mas que menos de 10% conseguem. E que três em cada quatro fumantes consideram-se viciados. Na última quarta-feira, o juiz Frederick Hebbe, de Nova Orleans, proibiu que as indústrias de cigarros destruam qualquer arquivo relacionado à nicotina. (FC) Texto Anterior: Livro afirma que Winston Churchill era racista Próximo Texto: Suicídio de Kurt Cobain faz crescer venda de discos da banda de rock Índice |
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