São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994
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Negócios de campanha; Investigação na estrada; Clássicos; Memória musical; Fernandinho; Do lado errado; Repúdio ao golpe

DO LADO ERRADO

Negócios de campanha
"A Folha coloca em sua edição de 27/03 uma matéria sob o título: 'PT negocia programa com empresários –objetivo é conseguir apoio político e financeiro para a campanha de Lula'. Como houve citação do meu nome, queria prestar os seguintes esclarecimentos: 1) Participei de todas as reuniões com empresários e em nenhuma delas foi tratado o assunto de finanças de campanha. O objetivo é quebrar o gelo, desmistificar a relação e, sobretudo, trocar idéias sobre o Brasil, principalmente sobre a dramática situação dos 32 milhões de brasileiros vivendo na mais absoluta miséria; 2) Ao contrário da matéria, não há ainda nenhuma estimativa, nem preliminar, sobre os custos da campanha; 3) O programa de governo oficial do PT vai ser decidido através de uma ampla votação no encontro nacional, amplo e democrático, que se realizará em Brasília nos dias 29 e 30 de abril e 1º de maio. A versão preliminar contou com a participação de centenas de profissionais e dirigentes sindicais que, através de debates, reuniões e seminários abertos discutiram exaustivamente todos os capítulos da proposta. Este processo inviabiliza qualquer negociação que envolva programa de governo e finanças de campanha. Um detalhe: a foto da matéria não foi realizada em dezembro do ano passado, como consta, mas no mês de setembro, o que denota também falta de cuidados com a informação. Como o autor da matéria tem acesso a vários empresários que participaram dos encontros –e que podem confirmar que nunca se falou sobre finanças– e conhecendo o processo de decisão sobre o programa de governo, que não permite nenhum tipo de manipulação, houve clara intenção de nivelar por baixo partidos e políticos brasileiros. Ao contrário de tradicionais e viciadas práticas, quem conhece Lula e o PT sabe que não é possível, pelos compromissos públicos assumidos, barganhar sobre determinação de distribuir e democratizar renda e poder no Brasil."
Oded Grajew, empresário e membro da coordenação de campanha Lula-94 (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Gustavo Krieger – As informações publicadas foram obtidas junto a dirigentes do PT e refletem uma negociação que ocorreu em torno do programa de governo de Lula. A intenção do partido de obter apoio financeiro de empresários é tão clara que o PT está organizando comitês com esta missão específica.

Investigação na estrada
"A Folha pratica um jornalismo parcial ao tratar de investigações em contratos de obras rodoviárias do Estado, como demonstra o texto intitulado 'Estradas de Fleury vão ser investigadas', 18/04. Igual reportagem aparece na 'Folha da Tarde', com o título 'Justiça vai apurar custo alto de rodovias'. A Folha, porém, sonega de seus leitores informações que o próprio jornal veiculou, dia 15/02, com o título 'Estrada terá seu preço revisto, diz secretário', depois de ter anunciado, na antevéspera, que o preço era três vezes maior. Como de costume, quando a informação tem conotação negativa intencional, usou o nome Fleury na manchete. Não costuma fazer o mesmo em realizações positivas do governo do Estado, a exemplo da queda de mortalidade infantil, construção de aproximadamente 90 mil casas populares, instalação de cerca de 1.600 escolas-padrão e melhoramentos em 14 mil quilômetros de estradas, fatos citados no balanço do 3º ano da atual administração, que nenhuma linha mereceu da Folha. O governo do Estado –a Folha sabia– renegocia desde janeiro passado o preço da duplicação da rodovia SP 326, que liga Matão a Bebedouro –portanto antes das duas reportagens, a de fevereiro e a desta sexta-feira. Mais: o motivo da renegociação foi explicado pelo secretário de Transportes do Estado, Antonio Márcio Ribeiro. Está associado à aprovação da lei nº 8.666, que estabelece novos critérios para licitações públicas. Assim, os preços de outras sete obras rodoviárias estão sendo revistos. Uma informação adicional: são do governador Luiz Antonio Fleury Filho os decretos 35.262, de 8 de julho de 1992, e 35.406, de 3 de agosto de 1992, estabelecendo o critério de menor preço, antes da referida lei federal. A licitação para as obras de duplicação da rodovia Fernão Dias, citada como exemplo positivo de menor preço, foi realizada pela atual administração do governo do Estado de São Paulo, outro aspecto omitido."
José Aparecido Miguel, da Secretaria de Estado do Governo (São Paulo, SP)

Nota da Redação – A reportagem noticiou decisão do Ministério Público, que resolveu iniciar investigações sobre irregularidades em contratos de obras de estradas do governo Fleury. A fonte da reportagem não foi nada mais nada menos do que o próprio "Diário Oficial do Estado", que publicou, na sua edição do dia 7 de abril de 1993 (a partir da página 58), despacho do procurador-geral de Justiça, Emmanuel Burle Filho, sobre o início das investigações.

Clássicos
"Lamentamos o fato de a Warner Classics não ter sido citada em matéria do dia 22, que apresentou um balanço sobre o setor da música clássica. A Warner Classics congrega três selos internacionais: Teldec (fusão da Telefunken com a Decca alemãs), Erato, da França (no mercado há 40 anos, desde antes da invenção do LP e do estéreo) e Elektra/Nonesuch, dos Estados Unidos. Esses selos trabalham de forma independente e apresentam uma imensidão de títulos dos mais variados estilos e artistas."
Jorge Rebello, da Warner (Rio de Janeiro, RJ)

Memória musical
"Agradeço o espaço dado ao projeto Memória Musical Brasileira (Ilustrada, 2/04). Esclareço que aquela gravadora, da qual fui diretor-artístico, voltava-se também para a contemporaneidade e experimentação. Ali, pela primeira vez no país, foi gravada comercialmente uma canção atonal sobre poema concreto ('Lygia Fingers', minha e de Augusto de Campos, 1976); depois, produzimos 'Interregno', o segundo e último disco do bruxo Walter Smetak (79)."
Marcus Vinícius, compositor (São Paulo, SP)

Indignação tucana
"É isso aí Dimenstein. Sua indignação quanto à aliança tucanos X ACM é o desabafo de muitos leitores e eleitores que acompanharam a fundação do PSDB e estiveram atentos ao discurso ético desse partido."
Sérgio Schuindt da Silva (São Paulo, SP)

Fernandinho
"Lendo a íntegra do manifesto dos intelectuais em apoio à candidatura de Fernando Henrique à Presidência da República, chego a dar risada e me convenço, ainda mais, a não votar no Fernandinho, principalmente com a concretização da aliança PSDB-PFL."
Marcos Antônio de Oliveira (Curitiba, PR)

"Parabenizo o jornalista Gilberto Dimenstein pelo excelente artigo 'Estelionato intelectual' (7/04). O PSDB finalmente saiu de cima do muro, só que pulou para o lado errado. A suposta social-democracia transforma-se em 'coronelismo' maquiado."
Nivaldo Caliman (Amparo, SP)

Repúdio ao golpe
"O artigo do Betinho (Herbert de Souza) 'Filhos do golpe reconstroem a cidadania' de 1/04 é mais um testemunho de seu veemente repúdio ao golpe de 1964."
Geraldo Moisés Martins (Brasília, DF)

"Incluía-me entre os milhares de admiradores de Herbert de Souza por sua luta contra a fome e a miséria. Mas depois do artigo 'Filhos do golpe reconstroem a cidadania' (Folha, 1/04), não posso deixar de proclamar: amo esse santo-guerreiro."
Oney Oliveira Leite (Ribeirão Preto, SP)

"O artigo do sociólogo Herbert de Souza é abrangente desde as raízes sociais até nossos dias. As declarações dos que hoje tentam justificar suas atitudes conspiratórias usando vis e grosseiros argumentos não poderão resistir a um questionamento histórico."
Clybas Egydio da Silva (São Paulo, SP)

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