São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 1994
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Inflação fica em 44% até o real, diz Fritsch

EDIANA BALLERONI
COORDENADORA DE ECONOMIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Fazenda projeta uma inflação para abril entre 43% e 44% –e sua estabilização neste patamar até a criação do real.
Segundo o secretário de Política Econômica, Winston Fritsch, os três índices usados para calcular a URV (Unidade Real de Valor) deverão oscilar entre esses valores.
"É preciso ficar claro que esta fase do plano, a fase dois, não se propõe a terminar com a inflação", acrescentou. O objetivo seria torná-la "inerte" –com isso, a inflação de um mês tende a ser similar à do mês anterior.
Não foi o que aconteceu entre fevereiro e março. Os principais índices que medem a inflação variaram de 41% a 46%.
Fritsch explica que houve alta de preços em março em razão das remarcações preventivas praticadas principalmente pela indústria e pela quebra nas safras do feijão e de tubérculos (como a batata).
Esses fatores, diz o secretário, desaparecem a partir de abril. Outros, contudo, surgem em seu lugar. É o caso do preço das roupas de inverno e dos reajustes de aluguel (a sistemática de cálculo concentra a apuração destes aumentos nos próximos meses).
Para Fritsch, estes elementos não são suficientes para elevar a inflação além dos 44% nos próximos meses. "Estabilizada" a inflação e urvizada a economia, o real viria a seguir.
"Não será daqui a um mês, pois as pessoas têm de se convencer de que a inflação parou de subir. Também não será no fim do ano. É uma data no meio do caminho", disse o secretário.
Fritsch não quis confirmar, pela manhã, que a Fazenda já trabalhava com a hipótese de modificar as regras da MP (medida próvisória) da URV sobre salários. O ministro Rubens Ricupero, contudo, admitiu a negociação no início da tarde.
Sobre a MP, o secretário de Política Econômica foi categórico ao dizer que o plano estará desfigurado se o Congresso alterar o artigo que proíbe reajustes contratuais em períodos inferiores a um ano, após ser criado o real.
"É assim na Europa, em todos os países onde não há inflação", diz. Como aqui as pessoas não estão acostumadas com a idéia, acrescentou, o governo tem de impor regra neste primeiro instante.

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sobre inflação na pág. 2-3

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