São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Superficialidade prejudica Schubert em multimídia Programa da Microsoft contém equívocos históricos JOÃO BATISTA NATALI
É nesse paradoxo que o "Multimedia Schubert" (US$ 79,95), que a Microsoft lança esta semana, deve ser visto. É superficial em excesso, e mesmo assim delicioso de brincar. A peça que ilustra a obra do compositor não tem a complexidade das sinfonias nem a inteligibilidade relativa (para o consumidor norte-americano) do lieder, gênero em que Franz Schubert foi o primeiro e incontestável mestre. A relação lúdica com o usuário é feita em torno do quinteto "A Truta" (opus 114, composição de 1819), simples em seus achados harmônicos e estruturado segundo uma arquitetura que o programa disseca com competência. Os comentários exibidos nas janelas são do musicólogo Alan Rich, que certamente entende do assunto, mas apela para um coloquialismo tão irritante que se tem com frequência a impressão de que ele se enganou de público: produziu pensando nos deficientes tutelados por Pestalozzi. Exemplos. É nítida a filiação Mozart-Schubert quando se trata da música de câmara, mas Rich prefere incorrer na leviandade de enfatizar a inexistência, nesse relacionamento, de um suposto Salieri (aquele travestimento biográfico que Peter Shaffer operou em seu filme "Amadeus"). Ora, Schubert foi aluno de contraponto daquele mestre italiano estabelecido em Viena, e o usuário se sente agredido quando Salieri é qualificado de "pedante e conservador". A verdade é bem outra. O crítico da Microsoft faz jogo duplo ao rejeitar e reforçar, ao mesmo tempo, a notória falsificação que Shaffer fez para o cinema. ONDE ENCONTRARMICROSOFT: tel: (011) 530-4455 Texto Anterior: Novos recursos dão mais realismo a programa que cria animação Próximo Texto: Game mistura aventura e mistério em Nova Orleans Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |