São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 1994
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Uso do micro começa na pré-escola

DA REPORTAGEM LOCAL

Em escolas públicas e particulares de São Paulo, as crianças começam a usar o computador antes de aprender a escrever.
"É um atrativo a mais para a criança aprender", afirma Joana Ida Bernardini, monitora de informática no Liceu Pasteur, onde desde a pré-escola os micros são ferramenta de ensino.
No Objetivo Júnior, alunos de três anos brincam com jogos educativos no computador. Na rede municipal de ensino, a iniciação também acontece na pré-escola.
"A partir dos quatro ou cinco anos a criança já apresenta desenvolvimento mental e coordenação motora para usar um micro", diz Paulo Sérgio Marchelli, pesquisador na Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP.
Há quem pense diferente. Valdemar Setzer, diretor do Centro de Ensino de Computação e professor do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP, afirma que as crianças devem ficar longe do computador.
"Quando uma criança usa o computador, ela não está se comportando como criança, mas sim como um adulto, do ponto de vista mental", diz ele.
"Isso leva a um perigo tremendo: estamos acelerando o desenvolvimento intelectual, em detrimento de outras coisas que a criança deveria desenvolver", afirma.
"Nada amadurece antes do tempo", contesta Beatriz Bitelman, do Instituto de Tecnologia Ort, que já implantou a área de informática em várias escolas.
"Se você colocar uma criança frente a uma situação com que ela pode lidar, ela vai em frente", completa Beatriz, que tem três filhos "informatizados".
O importante é usar programas adequados a cada idade, diz o psicoterapeuta de adolescentes Ruy de Mathis. Outros cuidados são necessários.
"O monitor é como uma TV, emite luz com uma determinada intensidade. Não é bom usar por muito tempo", diz o médico Saul Cypel, neurologista infantil.
Para ele, o uso por uma hora diária não faz mal. Beatriz Bitelman sugere "duas horas por dia, no máximo". (Rodolfo Lucena)

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