São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 1994
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Sérvios ameaçam aviões da Otan

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder sérvio da Bósnia, Radovan Karadzic, ordenou a suas tropas que derrubem qualquer avião que sobrevoe suas posições em torno da cidade de Gorazde.
Os sérvios que cercam Gorazde foram bombardeados por aviões da Otan (Aliança militar ocidental) no domingo e na segunda. Os bombardeios visavam interromper o avanço sérvio sobre a cidade de maioria muçulmana, declarada área de segurança da ONU.
Karadzic e o general Radko Mladic, comandante dos sérvios da Bósnia, visitaram ontem as tropas que cercam Gorazde.
"Devemos nos defender com todos os meios disponíveis. Gorazde não é uma área de segurança, em nossa opinião, enquanto não estiver desmilitarizada", disse Karadzic à rádio Belgrado, da Sérvia.
Karadzic disse que, se os ataques continuarem, serão tomadas medidas "que qualquer Exército tomaria". "Se for necessário, vamos declarar um estado de guerra e nomear o agressor", declarou.
Os ataques foram realizados por caças-bombardeiros americanos que partiram de uma base da Otan no norte da Itália.
O comandante das tropas da ONU na Bósnia, general Michael Rose, disse ontem que os muçulmanos atacaram os sérvios sem terem sido provocados.
"As únicas pessoas atirando em Gorazde agora são do Exército bósnio, alvejando com morteiros os sérvios, que não estão atirando. Nós estamos tentando fazê-los parar", disse Rose.
Uma federação de croatas e muçulmanos responde pelo governo da parte da Bósnia que não está sob controle sérvio. Os sérvios se recusam a negociar com croatas e muçulmanos.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, avisou os muçulmanos bósnios de que não devem tentar se aproveitar militarmente dos ataques aéreos da Otan. Ele defendeu a política "agressiva" que vem sendo usada na Bósnia em encontro com parlamentares democratas e republicanos.
Os sérvios bloquearam as tropas da ONU em todo o território da Bósnia que controlam –cerca de 70%. Observadores militares estão em prisão domiciliar.
O comando da ONU negou acusações feitas pelos sérvios de que estaria se aliando aos muçulmanos e croatas na guerra civil. Segundo a ONU, os ataques aéreos visavam proteger pessoal da ONU sob ataque dentro de Gorazde.
Em Bruxelas (Bélgica), diplomatas da União Européia discutiram novas medidas. Uma das hipóteses é a de um ultimato para que que os sérvios deixem Gorazde, como o que interrompeu o cerco a Sarajevo, em fevereiro.

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