São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Carlos Benevides e Feres Nader são cassados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Câmara cassou ontem dois dos 18 parlamentares acusados pela CPI do Orçamento: o deputado Carlos Benevides (PMDB-CE) e o suplente Feres Nader (PTB-RJ). Com a cassação, os dois não poderão ser candidatos pelo menos até as eleições de 1998.
Benevides e Nader não poderão concorrer nas eleições gerais deste ano nem nas municipais marcadas para 1996. Os dois primeiros deputados julgados foram punidos 82 dias após o término da CPI.
A cassação de Nader era considerada inevitável. No caso de Benevides, a pressão da família provocou uma divisão no plenário da Câmara. Ele é filho do senador Mauro Benevides (PMDB-CE), ex-presidente do Congresso e atual líder do PMDB no Senado.
Carlos Benevides foi cassado com 45 votos a mais que o mínimo necessário. Dos 443 deputados que votaram, 297 foram a favor da cassação e 116 contrários.
Votaram no pedido de cassação de Nader 415 deputados: 346 foram a favor e 42 contrários. São necessários 252 votos para cassar um deputado.
"O resultado mostra que a Câmara trabalhou pela ética e moral na vida pública. O corporativismo foi dirigido para a própria instituição e não para seus partidos ou integrantes", afirmou o presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE).
A Câmara considerou que Benevides e Nader tiveram um comportamento indevido ao cargo (decoro parlamentar), base legal para a cassação. Os dois foram acusados de usar dinheiro do Orçamento em benefício próprio.
A sessão de julgamento dos dois deputados, marcada para as 9h, começou às 10h50. O julgamento de Benevides teve início às 15h30 e durou seis horas, quase o dobro do tempo do julgamento de Nader.
O advogado de Nader, Vicente Vieira Ferreira, anunciou que vai recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) contestando a decisão. Ao contrário de Benevides, o julgamento de Nader não atraiu a atenção dos deputados.
Nenhum deputado defendeu Nader e nem o próprio acusado aguardou o resultado final da votação. "Me poupem de uma crucificação injusta. Vão condenar um homem honesto e decente", afirmou Nader.
No conjunto das acusações, o relator do pedido de cassação, deputado Edésio Passos (PT-PR), concluiu que Benevides desviou o dinheiro de subvenções e teve depósitos bancários em sua conta duas vezes maiores do que seus rendimentos declarados.
Suplente assume
A Câmara deverá convocar hoje o médico e empresário Manoel Viana (PMDB-CE) para ocupar o lugar de Carlos Benevides. Viana foi deputado federal por duas legislaturas (82 e 86).

Colaborou a Agência Folha, em Fortaleza

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