São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Corregedor da Câmara diz que os documentos "não provam nada"

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O corregedor da Câmara, deputado Fernando Lyra (PSB-PE), disse ontem que os documentos que ligariam parlamentares ao jogo do bicho "não servem como provas para nada".
Lyra disse que não pode confiar apenas nos dados de anotações dos documentos apreendidos pela Procuradoria de Justiça do Rio como suficientes para processar e cassar deputados. "Não sei a credibilidade desse material."
"Eles (a Procuradoria) que denunciaram, que provem a participação dos deputados que a gente cassa", disse Lyra. "O ônus da prova cabe ao denunciante."
Lyra afirmou que o material que a Câmara recebeu é contraditório. Um é cópia do livro-caixa de Castor entre 87 e 94. Outro é composto por folhas datilografadas sem nenhum controle.
O corregedor disse que, num levantamento inicial, a contabilidade das listas não confere. Lyra disse também que em muitos casos só há menções a deputados que não podem configurar denúncia.
Lyra viaja hoje pela manhã, junto com outros seis deputados, para o Rio. Às 14h, a comissão tem encontro com o procurador de Justiça do Rio, Antônio Carlos Biscaia.
"Quero olhar no olho, sentir o ambiente, para poder ter certeza de alguma coisa", disse. Depois da conversa, a comissão decide se abre sindicância na Câmara para apurar as denúncias. Uma CPI está descartada, disse Lyra.
A lista que a Câmara pretende divulgar, oficialmente, com o nome dos deputados que aparecem nos documentos de Castor deve ficar pronta hoje. Lyra acha que ela só deve ser divulgada depois que a comissão voltar do Rio.
Sérgio Cury (PDT-RJ) e Cidinha Campos (PDT-RJ) disseram ter feito transações comerciais com bicheiros. O senador Hydekel Freitas (PFL-RJ) disse que seu nome aparece pois ganhou um camarote no Sambódromo em 92.

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