São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Velório

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Alexandre Garcia, no Jornal Nacional, passou meses fazendo todas as ameaças imagináveis. No TJ Brasil, o âncora Boris Casoy usou, também ele, argumentos aterrorizantes. No Jornal Bandeirantes, o âncora Francisco Pinheiro, se não chegou a empolgar-se como os dois colegas, defendeu aqui e ali a revisão. Não teve jeito.
"Fracassa a revisão contitucional" foi a manchete do TJ Brasil, definitiva. "Relator propõe reinício ano que vem."
Na cobertura, por toda parte, resignação. O âncora do TJ não se animou a desenhar, outra vez, o cenário de um país em caos. Disse apenas que "os interesses eleitorais falaram mais alto". O âncora do Jornal Bandeirantes chegou a ironizar: "Revisão, agora, só para quem acredita em ressurreição."
As imagens de morte, entre resignadas e algo sarcásticas, repetiram-se pelos telejornais todos, com expressões como "velório", "sentença de morte" e outras. Em nenhum programa mais claramente do que no também moribundo Diário da Revisão: políticos menores do Congresso, capitaneados por Humberto Lucena, voltaram a aparecer, dizendo que "ainda há tempo" e é preciso "salvar" a revisão. É tarde.
Monotonia
Rubens Ricupero disse que só foi à televisão ontem porque prometeu ao presidente Itamar. Deve ser verdade, pois repetiu quase literalmente o que Fernando Henrique falou, mês e meio atrás. Do ataque a "supostas perdas" à louvação das "muitas vantagens" do plano.
Candidato nenhum
Ao que parece, Lula perdeu mesmo os bispos do Brasil. A reserva de d. Luciano Mendes de Almeida, três dias atrás, confirmou-se ontem com o cardeal d. Paulo Evaristo Arns. Falando à Cultura, na abertura da assembléia geral da CNBB, em Itaici, o líder jesuíta disse que a Igreja Católica não vai apoiar político nenhum, desta vez. Nem Lula, nem ninguém.
Bittar condenado
A velha guarda do petismo continua dando vexame. Jacó Bittar, um dos fundadores do partido, eleito prefeito de Campinas pelo PT e hoje no PDT, foi condenado a devolver dinheiro ao cofre do município. Ele e a empreiteira que fez a obra, segundo o Informe São Paulo. O escândalo é velho, a condenação demorou, mas não deixa de ser um bom sinal.

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