São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia caça ladrão de carro-forte em Acari

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor do Departamento Geral de Polícia da Baixada, Paulo Souto, invadiu ontem o complexo de favelas de Acari (zona norte do Rio) com mais de 200 policiais e prendeu 55 pessoas.
Citado na lista de propinas do bicheiro Castor de Andrade, Souto disse que foi uma operação para tentar apreender um arsenal de 26 fuzis AR-15, que estariam escondidos na favela.
As armas não foram encontradas, mas foram apreendidos oito quilos de cocaína, 30 quilos de maconha misturada a esterco de boi, 15 granadas caseiras, duas metralhadoras e um revólver.
Entre os 55 detidos, Souto afirmou que "pelo menos 15 pessoas estão ligadas ao tráfico de drogas e a assaltos a carros-fortes".
O delegado afirmou que os traficantes Jorge Luis e Viria teriam se aliado a Robertinho de Parada de Lucas para ceder armamentos e homens para assaltos a blindados.
Um informante encapuzado guiou os policiais pelas favelas do Amarelinho, Coroado e Acari, em busca de 30 pontos de venda de drogas e de armazenamento de armas e munição.
Houve apenas uma troca de tiros quando um helicóptero da Polícia Civil foi alvejado por três homens. Os três foram presos.
Participaram da operação, policiais de 17 delegacias e do Cinap (Coordenadoria de Inteligência e Apoio Policial). Os líderes do tráfico não foram achados.
Segundo Souto, os traficantes cedem pessoal e armas paras os assaltos a blindados em troca de comissões de 30% do valor dos roubos. "Cada 'soldado' ganha participação de 5%", disse.
Também participou da operação o delegado Otávio Seiler, titular da 54ª Delegacia Policial (Belford Roxo), citado na lista de propinas dos bicheiros.
Os delegados envolvidos não comentaram o assunto das propinas. "Não achamos os fuzis porque eles trocam de esconderijo toda a noite", disse Seiler.
Na invasão, iniciada de madrugada, os policiais utilizaram quatro fuzis AR-15, apreendidos anteriormente com traficantes e cedidos à polícia judicialmente.
Entre os detidos havia quatro meninas adolescentes. Uma delas, conhecida como Xuxa, chorava na delegacia. "Você tinha maconha em casa e vai ser autuada", disse-lhe Souto.

Texto Anterior: Feira reúne 140 peões em rodeio
Próximo Texto: Túnel sofre onda de roubo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.