São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Gismonti encerra festival com orquestra

DA REPORTAGEM LOCAL

Um show comandado pelo pianista e compositor Egberto Gismonti encerra hoje o Heineken Concerts, em São Paulo. Entre os convidados, aparece o influente guitarrista John McLaughlin.
"Eu não sabia se John poderia, mas tinha certeza de que aceitaria", diz Gismonti, lembrando que já fez uma turnê com o músico inglês pela América do Sul.
O que uniu os dois foi uma curiosa coincidência musical. No início dos anos 70, lançaram simultaneamente os álbuns "Academia de Danças" e "Apocalipse", ambos misturando banda com orquestra.
"O John me descobriu quando alguém levou o 'Academia de Danças' para Londres, o que o fez aceitar a turnê comigo. Depois disso ele gravou coisas minhas."
Além de seus antigos parceiros Zeca Assumpção (no contrabaixo) e Nando Carneiro (teclados), Gismonti terá também a seu lado o bandolim de Joel Nascimento, reconhecido herdeiro do mestre Jacob do Bandolim.
"Joel traz com ele uma música que, para mim, é o fundamento de toda minha história: o choro se esticando através das valsas e dos dobrados", diz Gismonti.
Outro destaque da noite é a Orquestra Jazz Sinfônica. Regida pelos maestros Gil Jardim e Nelson Ayres, vai apresentar nove peças de Gismonti escritas para orquestra, já exibidas no exterior.
"Na verdade, são recriações para essa formação", observa Jardim, rejeitando o termo "arranjo", até mesmo para conhecidos temas de Gismonti, como "Frevo", "Infância" e "Eterna".
Desse repertório, Jardim destaca "Strawa no Sertão", peça que imagina como seria a música do russo Igor Stravinski (1882-1971) se ele tivesse nascido no Brasil.
Há ainda "Sonhos de Recife" e a popular "Palhaço", que serão interpretadas por uma formação menor e pouco comum: o Quinteto de Sax da Jazz Sinfônica.
"Adorei a idéia de usar a Jazz Sinfônica, ainda mais sabendo que o Gil, um velho amigo, iria regê-la", diz Gismonti, que recebeu a sugestão de Toy Lima, diretor artístico do evento.
Para um músico aclamado internacionalmente, que nos últimos tem se apresentado mais no exterior do que em seu país, o show de hoje tem um gosto especial.
"Essa noite cheia de convidados tem um valor extraordinário para mim, sobretudo por ela estar acontecendo no Brasil, com esse instrumento chamado orquestra", diz Gismonti.

Evento: Heineken Concerts
Atrações: Egberto Gismonti (piano e violões), John McLaughlin (guitarra e violão) e Orquestra Jazz Sinfônica
Regentes: Nelson Ayres e Gil Jardim
Quando: hoje, às 21h
Onde: Palace (av. dos Jamaris, 213, tel. 011/531-4900, Moema, zona sul de São Paulo)
Quanto: CR$ 20 mil, CR$ 16 mil e CR$ 12 mil

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