São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994 |
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Kurt Cobain teve 'pai adotivo' em Aberdeen
GABRIEL BASTOS JUNIOR
Em entrevista exclusiva à Folha, Shillinger (que ainda mora na cidade natal de Kurt, Aberdeen, Washington) falou da dor de perder "um membro da família". Folha - Como foi a época em que Kurt Cobain morou em sua casa? Vocês se davam bem? Gene Shillinger - Sim. Ele lavava pratos, limpava a cozinha, cortava a grama, tinha tarefas como todo mundo. Ele se adaptou ao esquema da casa perfeitamente. Folha - Ele já tinha uma banda nesta época? Shillinger - Ele não tinha uma banda fixa, mas tocava com alguns de meu filhos (são cinco ao todo) e outros garotos da vizinhança. Eles tocavam bastante na garagem de casa. Folha - Como ele era na juventude? Shillinger - Tímido, muito quieto e introspectivo. Não era uma pessoa extrovertida, amigável. Ele tinha alguns amigos mas não era o tipo de garoto popular, definitivamente. Ele fazia muitos trabalhos de arte, desenhava muito e escrevia bastante também. Folha - Ele tinha algum problema com drogas na época? Shillinger - Não que nós soubéssemos. Folha - Como vocês estão encarando a situação? Shillinger – Na verdade, não muito bem. Estamos todos muito tristes ainda. Meus filhos não querem falar com ninguém a respeito. Está sendo duro para mim e para minha esposa superarmos isto. Ele foi parte de nossa família por um ano inteiro e tudo está sendo muito difícil. Folha - Vocês ainda mantinham contato com ele? Shillinger - Não muito. Ele quase não vinha mais a Aberdeen. De vez em quando ele entrava em contato com os garotos. Folha - Vocês de alguma forma esperavam que isto tudo acontecesse? Shillinger - Não o suicídio. Nós esperávamos que ele tivesse sucesso como músico. Ele tinha habilidadade e talento, como outros garotos. Mas não imáginamos que fosse se tornar tão popular. Folha - O que você acha de seu suicídio? Acha que foi um modo dele atingir quem estava à sua volta? Shillinger - Não acho que ele tenha tentado fazer isto. Eu só queria que ele tivesse conseguido ajuda. Acho que ele tinha muitas razões para viver. Texto Anterior: Jesus admira quem o torna mais alegre Próximo Texto: Rádio alerta sobre suicídio Índice |
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