São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Sérvios prometem parar bombardeios

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O enviado de paz russo Vitali Tchurkin disse ontem que conseguiu um compromisso dos sérvios da Bósnia de interromper o bombardeio do encrave muculmano de Gorazde.
Mas as esperanças de uma retomada das conversações de paz foram prejudicadas pela quebra do cessar-fogo em Sarajevo, em vigor há dois meses.
Um tiroteio próximo à linha do front começou às 17h40 (hora local) de ontem e durou cerca de 45 minutos, forçando diversas pessoas a correr para buscar proteção.
A tensão em Sarajevo aumentou nos últimos dias em virtude dos ataques aéreos realizados no início desta semana pela Otan (aliança militar ocidental) sobre as forças sérvias que sitiam Gorazde.
Gorazde (90 km a leste de Sarajevo), é um encrave muçulmano declarado área de segurança pela ONU. Os ataques foram realizados para proteger pessoal da ONU na cidade sitiada.
Segundo a ONU, os sérvios interromperam o bombardeio de Gorazde depois do segundo ataque aéreo, mas focos isolados de combate continuaram ao sul e a leste da cidade.
O enviado Churkin disse que representantes sérvios lhe garantiram que só tomarão iniciativas "se forem forçados pelos muçulmanos da Bósnia".
As forças sérvias disseram que vão derrubar aviões da Otan caso haja novos ataques, mas, segundo militares russos, seus equipamentos antiaéros são insuficientes.
A Otan disse em Bruxelas que está pronta para novos ataques.
O chanceler russo disse que os ataques aéreos pioraram a situação na Bósnia e pediu o fim de "ações provocativas" no conflito.
Os russos, não consultados pela Otan sobre os ataques aéreos aos sérvios em Gorazde, temem que a organização continue recorrendo à força sem negociação prévia.
Em visita à Espanha, o presidente russo, Boris Ieltsin, alertou o Ocidente que o "uso da força levará a uma guerra para sempre".
Os russos têm um relacionamento especial com os sérvios que remonta à Primeira Guerra Mundial, quando foram aliados contra a Alemanha e a Áustria-Hungria. Além disso, têm em comum a religião cristã ortodoxa.
Graças à intervenção da Rússia, foi possível o cessar-fogo em Sarajevo, capital da Bósnia, em fevereiro.

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