São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 1994
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Comissão aprova cassação de Raquel Cândido

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pedido de cassação do mandato da deputada Raquel Candido (PTB-RO) foi aprovado ontem pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) por 36 votos a favor e 8 contrários. A sessão esteve mais próxima de um dramalhão que de um julgamento de um mandato.
Deputados ficaram constrangidos, a acusada chorou e o advogado de defesa, o ex-senador Leite Chaves, não poupou a vida íntima da deputada que defendia.
Agora, a deputada deve passar pela votação no plenário da Câmara para ter o mandato cassado em definitivo e ficar inelegível por três anos.
O discurso da defesa não conseguiu inocentar Cândido. O relator do processo, deputado Tourinho Dantas (PFL-BA), concluiu que a acusada desviou dinheiro do Orçamento destinado ao Instituto Político e Social Eva Cândido, da própria deputada.
Chaves traçou um perfil de Cândido como uma mulher lutadora, perseguida e ameaçada pelo narcotráfico. Segundo o advogado, Cândido já recebeu dois tiros e teve costelas quebradas.
Chaves afirmou que foram as ameaças que levaram Cândido a tentar suicídio duas vezes em janeiro passado. No relato à comissão, Chaves expôs detalhes de operações cirúrgicas de Candido.
Segundo o advogado, depois de tentar suicídio, a deputada aproveitou que estava no hospital para corrigir alguns problemas físicos.
"Ela fez uma cirurgia para levantamento da bexiga, porque tinha incontinência urinária e aproveitou para cortar o clitóris."
Segundo Chaves, Cândido foi estuprada por seis soldados em 1964. "É a compulsão pela defesa ginecológica", afirmou o presidente da CCJ, José Thomaz Nonô (PMDB-AL), após ter tentado impedir que Chaves falasse da intimidade de Cândido.

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