São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 1994
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Juízes da lista do bicho já foram investigados

DA SUCURSAL DO RIO

Dois dos juízes citados na lista de Castor de Andrade já responderam a sindicâncias no Tribunal de Justiça do Rio.
Um deles, César Augusto Leite, foi condenado no ano passado pelo Órgão Especial do Tribunal por ter mandado retirar um processo da gaveta de um promotor.
Com o processo em mãos, ele determinou a libertação do réu, um traficante acusado de homicídio.
O alvará acabou sendo revogado por outro juiz e Leite foi condenado a uma pena de censura pelo Órgão Especial.
Leite também respondeu a outra sindicância gerada pela suspeita de que três bicheiros do Rio teriam bancado uma de suas viagens aos Estados Unidos na primeira classe da Varig. Os bicheiros viajaram no mesmo vôo.
Segundo a agência de viagens que vendeu as quatro passagens, elas foram pagas em dinheiro, o que impossibilitaria identificar a fonte dos recursos. A sindicância foi arquivada.
O juiz Renato Simoni também respondeu a sindicâncias no Tribunal de Justiça, mas não chegou a ser condenado.
Em julho de 1989, em relatório enviado à Corregedoria de Justiça e à Procuradoria Geral de Justiça, os promotores Carlos Alberto Firmo Oliveira e Regina Olivia Werneck acusaram Simoni e outro juiz, José Ignácio Biolchini da Silva, de participação em esquema de desvio de armas apreendidas pela Polícia Civil.
Simoni e Silva eram titulares das duas varas criminais de Bangu, zona oeste do Rio, local onde o jogo do bicho é dominado por Castor de Andrade.
A Folha apurou no Tribunal de Justiça que o quinto juiz a surgir na lista de Castor de Andrade, Neri Fernandes, foi aconselhado a pedir sua aposentadoria pelo então corregedor do Tribunal de Justiça, desembargador Nicolau Mary, que ocupou o cargo entre 1987 e 1988.
A anotação na lista –"indeferimento ao pedido de prisão preventiva"–indica que Fernandes teria recebido a função de subornar seu colega Franklin Neto que, em 1991, havia condenado Castor de Andrade.
A anotação refere-se a 1993. Na época, quem tinha nas mãos um pedido de prisão preventiva contra Castor de Andrade não era Franklin Neto, mas seu amigo Luiz Carlos Peçanha, titular da 20 Vara Criminal. (Fernando Molica)

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