São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 1994
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'Meus Prezados Canalhas' satiriza o Brasil

SYLVIA COLOMBO
DO BANCO DE DADOS

Peça: Meus Prezados Canalhas
Direção: Gracindo Jr.
Texto: João Uchôa Cavalcanti
Elenco: Othon Bastos, Edwin Luisi, Jayme Periard, Ângela Vieira, Chico Terneiro, Edgard Amorin, Ivan de Almeida e Aldo Piccini
Onde: Tuca (r. Monte Alegre, 1024, Perdizes, tel. 65-2398)
Quando: de 15 de abril até 24 de junho, às 21hs
Quanto: CR$ 6.000 (quintas), CR$ 8.000 (sextas e domingos) e CR$ 10 mil (sábados). Até o dia 24 de abril, preço único: CR$ 4.000 (promoção)

A peça "Meus Prezados Canalhas", que estréia hoje no Tuca, é uma crônica bem humorada sobre o Brasil. Corrupção e desordem política fazem parte de uma analogia que torna a história familiar ao público.
Gracindo Jr., diretor do espetáculo, adaptou o texto de João Uchôa Cavalcanti e incluiu nele várias piadas sobre a realidade brasileira. "No Brasil não faltam escândalos para a gente se referir", diz o ator Rogério Fróes. Antes era a CPI do Orçamento , "agora é o jogo do bicho", diz Edwin Luisi.
Em torno da trama central, o sequestro de um banqueiro (Othon Bastos) por um guerrilheiro (Edwin Luisi), giram vários pequenos dramas sem sequência determinada. "É como um jogo de baralho", diz Gracindo "muitas combinações são possíveis".
Nove atores interpretam 30 papéis. Cada personagem representa uma instituição diferente. Policiais, padres, banqueiros, estudantes, todos são satirizados. "Não sobra nada", diz Gracindo.
O cenário é montado com sucata. Nele, cada personagem faz um monólogo, geralmente contradizendo os outros. "É a verdade de cada um", diz Othon Bastos.
E o público também tem a sua vrdade. Ele participa do julgamento do banqueiro sequestrado. Como um júri popular, ouve os argumentos da defesa e da acusação.
O sequestrador tenta convencer o público de que o banqueiro é o responsável pela pobreza. O acusado se defende ironizando a hipocrisia da sociedade que o condena.
O público interage, dando seu veredito. Porém, o fim da história já está definido.
Todos os diálogos são em versos, que marcam um ritmo para a narrativa. "Rimas simples aproximam a linguagem à literatura de cordel", diz Gracindo. Popular também é a trilha sonora, composta por Nico Resende, que utiliza sonoridades brasileiras.
A peça já foi apresentada no Rio de Janeiro, Brasília, Santos e Santo André. Segundo Gracindo, o público tem sido variado, com grande presença de estudantes.
"Meus Prezados Canalhas" fica em São Paulo em curta temporada, até o dia 24 de junho. Depois disso viaja para a França, onde participa do Festival de Avignon, em julho.

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