São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

L'Atmosphère volta sem mudar os pratos

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Depois de um período fechado para reformas, durante o qual foi renovado também seu cardápio, o L'Atmosphère volta à cena: de cara nova, mas sem novidades no velho estilo de seus pratos.
A reforma atingiu principalmente a entrada do bar, cujo teto de vidro ainda dá uma boa luminosidade durante o dia, temperada por cortinas. No salão principal, que é pequeno, as paredes têm tons de verde, as cadeiras têm assento acolchoado e as mesas, de bom tamanho, se apóiam sobre incômodos grossos pilares que disputam espaço com os pés.
O cardápio é organizado à Giancarlo Bolla –uma página para os pratos franceses, outra para os italianos, o que sempre ajuda a dar uma coerência maior às ofertas. Um dos proprietários, aliás, foi formado no La Tambouille de Bolla, de onde saiu como gerente: José Cordeiro, 39, sócio de Edmond Yedid, 44, ex-proprietários do Les Innocents, criado por eles em 88.
No L'Atmosphère os méritos dos pratos seguem os mesmos que apresentaram desde sua fundação em 1991: a casa sempre primou por utilizar boa matéria-prima, seja nos ingredientes do mercado, seja na fartura de produtos importados (entre os quais legumes e peixes). O problema é o destino dado a eles. Mesmo com novos pratos no cardápio, a cozinha do L'Atmosphère continua longe da leveza dos preparos, da sutileza dos temperos.
Um dos pratos que poderia ser a imagem da simplicidade, como o picadinho com polenta, vem tão inundado em temperos que mal se pode distinguir os ingredientes. Já a codorna desossada, preparada corretamente (assada com os ossos, que lhe dão sabor), tem o tempero esmaecido, como num prato de hospital. Os camarões com cogumelos vêm atolados num creme tão espesso que chega a ser enjoativo –e são ainda desnecessariamente gratinados: pena, os camarões estavam tenros.
A saída são os pratos cujo preparo requer menos sofisticação. A salada de fígado de pato com folhas verdes, item que andou sumido pela cidade, é bem-vinda. O inevitável carpaccio, um linguado na manteiga com manjericão e tomate, ou os pratos brasileiros do almoço (galinha caipira, carne-seca) são outras possibilidades. Outra vantagem dos pratos mais simples é ficarem abaixo dos caros preços do restaurante.
Pode-se improvisar um pouco na hora de pedir –o atendimento é cordial e lhe dará ouvidos. Em tempo: a carta de vinhos tem uma boa variedade e as taças (raridade) são apropriadas para a bebida.

Texto Anterior: 'Fim de Papo' traz texto de Caruso
Próximo Texto: Champagne; Saudades; Oriente
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.