São Paulo, sábado, 16 de abril de 1994
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Hospital deve US$ 30 milhões

DA FT

O Hospital Umberto Primo completa amanhã seis meses de interdição precisando de cerca de US$ 30 milhões de dólares para pagar as dívidas.
Até hoje não houve nenhuma proposta do governo estadual ou da Fundação do Hospital Ítalo-Brasileiro Umberto Primo, a mantenedora, para solucionar as dificuldade financeiras do hospital.
Uma auditoria paga pela Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) está sendo realizada. De acordo com o resultado, a própria Previ ou outras empresas privadas poderão propor uma parceria com os mantenedores.
A Secretaria Estadual da Saúde, através de sua assessoria de imprensa, declarou que não pretende investir mais verbas no Humberto Primo. Segundo a Secretaria, foram investidos no hospital em 6 anos de co-gestão cerca de US$ 25 de milhões.
A curadoria das fundações, ligada à promotoria de Justiça, entrou com pedido de medida cautelar para que o presidente da Fundação Zerbini, Onadir Marcondes, também administre o conselho do hospital.
O representante dos funcionários no conselho, Mário de Sousa Augusto, disse que está sendo coagido pelos curadores a pedir demissão, por ser contra a intervenção da Fundação Zerbini. "Nós tememos que eles tomem o patrimônio do hospital e nós fiquemos sem o pagamento", disse ele.
Os funcionários estão desde setembro do ano passado sem receber os salários. Eles permanecem fazendo os sete plantões mínimos por mês no hospital. Alguns ainda cuidam do equipamento do hospital.
Moradora
Maria de Lurdes Guarda, 68, mora no hospital Umberto Primo há 48 anos, desde que foi operada da coluna. Ela é paralítica e depende da ajuda dos funcionários do hospital.
Ela vive em um quarto com cozinha, banheiro e duas camas. É em uma delas em que passa a maior parte do dia, telefonando a políticos e empresários para sensibilizá-los diante da interdição do hospital.
As enfermeiras que a atendiam antes da interdição do hospital continuam indo até lá. "Elas também me fazem companhia", diz Maria de Lurdes.
Seu quarto é o ponto de encontro dos funcionários. Lá são realizadas discussões sobre uma solução para o hospital. "Há muitos funcionários que estão passando fome. Eu faço um apelo para quem possa ajudar essas pessoas", disse Maria de Lurdes, que se mantém com a ajuda de amigos e parentes.

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