São Paulo, sábado, 16 de abril de 1994
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Interior colhe safra de bons negócios

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O interior começa a colher uma safra de bons negócios. Em muitas cidades, o dinheiro da comercialização dos grãos já bateu na caixa registradora das lojas.
Os agricultores e comerciantes não têm do que reclamar. A soja, o milho, o feijão e o arroz alcançaram em março preços superiores aos de 93, em dólar.
‘‘O dinheiro da safra está lastreando as verbas, diretor do Instituto de Economia da Associação Comercial de Ribeirão Preto (319 quilômetros a Noroeste de SP).
Até 10 de abril as vendas à vista registraram crescimento real (descontada a inflação) de 12% sobre igual período de 93, segundo a associação comercial da cidade.
Também o número de escrituras emitidas pelos cartórios, termômetro das vendas de imóveis, aumentou 3,5% desde janeiro.
O resultado da safra não foi apenas para o consumo. Segundo a entidade, o volume de dívidas em atraso recuou 27% no primeiro trimestre de 94, comparado com 93. Os depósitos em cadernetas de poupança e em fundos de commodities cresceram 4,5% nos primeiros dez dias de abril.
Na região de Ribeirão, com cerca de 80 municípios, só safra de grãos deve movimentar US$ 330 milhões neste ano, afirma Golfeto. Em 93, foi de US$ 310 milhões.
Em Maringá, um dos principais municípios agrícolas do Paraná, o comércio anda aquecido. Dados da associação comercial da cidade mostram que as vendas à vista, cresceram 11% nos dez primeiros dias de abril em relação a 93. Em março, o acréscimo foi de 12%.
Uma das principais lojas de eletrodomésticos da cidade, cujo dono não quer ser identificado, registrou alta de 20% nas vendas em relação a março de 93.
Uma das concessionárias Volkswagem da cidade, a Dama, contabilizou em março a venda de 91 automóveis, contra apenas 27 no mesmo mês de 93.
‘‘Cerca de 30% desse desempenho se deve à safra. Outra parte é resultado da queda nos preços dos veículos’’, diz Valdeci de Britto, dono da empresa.
Também as revendas de veículos importados estão otimistas. Em Guarapava, Centro-Oeste do Paraná, a colheita de grãos começa no fim do mês. Mas a lista de reservas para comprar picapes aumentou.
Herundy Ferreira, dono da concessionária Royan, informa que em março incluiu 26 nomes na lista de reserva para compra de um automóvel da marca francesa Peugeot. Desde de dezembro, a média mensal de novos pedidos era de 13 veículos. A maioria é de utilitários. O preço oscila entre US$ 20,2 mil e US$ 21,5 mil.
Desde de novembro, a concessionária financia a venda à base de soja. ‘‘A soja é a nossa moeda’’, diz Ferreira. Ele conta que essa tipo de negócio é comum na região. O comprador paga em dinheiro cerca de 40% do valor do carro. O saldo devedor é convertido em sacas de soja.
Telefone celular
‘‘Tem muita gente da agricultura interessada em comprar telefone celular em Campo Grande (MS)’’, diz Márcio Peres, dono da Silotec, empresa de telecomunicações. O preço de um aparelho oscila entre US$ 700 e US$ 1.800.
A telefonia celular só começa a funcionar no Mato Grosso do Sul em julho. Mas a lista de interessados em comprar é crescente.
Em março, cerca de 300 novos nomes ingressaram em sua lista de espera, informa Peres. Em fevereiro, não passavam de 200 pessoas.
Também o setor imobiliário já registrou aquecimento. Nelson Nachief, dono da MS Imóveis conta que desde janeiro foram lançados 13 novos edifícios na cidade, volume superior ao primeiro trimestre de 93. O número de consultas em sua imobiliária é crescente. Mas a incerteza quanto às regras da economia têm travado os negócios.

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