São Paulo, domingo, 17 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bicheiros abandonam atividade empresarial

ELVIRA LOBATO

Com pequenas empresas em seus nomes, eles não justificam movimentação bancária e recebem multa de US$ 10 mi

Os banqueiros do bicho do Rio de Janeiro venderam ou fecharam a maior parte de suas empresas. Segundo os registros da Junta Comercial, apenas algumas empresas inexpressivas permanecem em nome dos contraventores.
Ao se descuidarem da fachada legal de seus negócios, os bicheiros não tomaram cuidados para "lavar" (dar uma aparência legal) o dinheiro gerado pela contravenção e foram apanhados pela Receita Federal.
Até agora, a Receita Federal já autuou os banqueiros em US$ 10 milhões por sonegação de impostos. Segundo o procurador da República, André Barbeitas, eles movimentavam o dinheiro em suas contas bancárias sem poder comprovar a origem dos recursos.
Castor de Andrade fechou, há dois anos, a Castor Veículos (revendedora de carros novos e usados) e vendeu o Posto de Gasolina Castor.
No início dos anos 80, ele chegou a possuir uma empresa pesqueira em Porto Seguro, que vendeu para Ângelo Magalhães, irmão do governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, em 1983.
Castor ainda desistiu de fabricar máquinas de videopôquer e fechou a fábrica (C.A. Eletrônica) depois que foi preso, em 87, por contrabando de componentes eletrônico.
O bicheiro tem hoje apenas uma pequena empresa em funcionamento: a Castor Seguros, situada em Bangu (zona norte da cidade). O negócio é administrado por seu sócio, Hedder de Almeida Monteiro (leia texto ao lado).
A fachada legal dos negócios de Aniz Abrahão David se resume a uma participação societária no Motel Beverly Hills, no centro do município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
O motel está registrado em seu nome e de mais cinco sócios, mas foi com ele que o bicheiro tentou justificar sua renda nas declarações apresentadas à Receita até 1991.
José Petros, o Zinho, só tem em seu nome uma pequena firma de fazer chaves, a Chaveiro Central Ltda., mesmo assim, em sociedade com Alfredo Salomão, que a administra
Haroldo Nunes, o Haroldo Saens Pena, só aparece como sócio –junto com mais quatro pessoas– de um pequeno hotel na Ilha de Paquetá (baía da Guanabara): o Flamboyant Paquetá Hotéis.
A atividade empresarial de Antônio Petrus Kalil, o Turcão, se resume a uma sociedade na Vimold –Vidros e Molduras– na cidade de Niterói. A pequena empresa é administrada pelos sócios: Pedro e Avelino Costa Vale.
Carlos Teixeira Martins, o Carlinhos Maracanã, só é sócio de uma pequena imobiliária, chamada Canauy S/A, instalada em duas salas comerciais.
Ele é apontado como proprietário dos Supermercados Maracanã (uma rede de cinco lojas, na zona norte), mas a empresa não está registrada em seu nome, mas no do irmão, Avelino Candido Martins.
Raul Corrêa de Mello, o Raul Capitão, manteve em seu nome durante nove anos o posto de gasolina São José da Ilha, na Ilha do Governador (zona norte). Em dezembro de 93, vendeu a empresa.
Raul Capitão continua dono de uma imobiliária (a Cap-Rio) e de uma casa lotérica ("Ao Mundo Lotérico") no centro do Rio de Janeiro. Mas as duas empresas também são pequenas e não justificam seu vasto patrimônio.

Texto Anterior: PMDB rejeita instalação de CPI
Próximo Texto: Ginasta é sócio de Castor
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.