São Paulo, domingo, 17 de abril de 1994
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Pobreza silenciosa atinge crianças dos EUA

RICHARD WHITMIREDO "USA TODAY"

Milhões de bebês e crianças pequenas nos EUA correm risco de ter graves problemas de desenvolvimento, dizem alguns dos maiores especialistas em crianças.
"A situação de vida de muitas das crianças deteriorou-se bastante nos últimos 30 anos", disse Eleanor Maccoby, da Universidade Stanford, co-presidente da força-tarefa da Carnegie Corporation.
O relatório Carnegie foi divulgado na mesma semana em que o serviço de recenseamento revelou que o número de crianças pobres com menos de três anos aumentou 26% durante a década de 80, de 1,8 milhão para 2,3 milhões.
Em 1990, 20% de todos os bebês e crianças pequenas dos EUA viviam em condições de pobreza, contra 13% dos idosos e 9% dos adultos com entre 25 e 64 anos.
A "crise silenciosa" descrita no relatório Carnegie não pode ser ignorada. É o que pensa Julius Richmond, co-diretor do relatório.
"É uma questão de interesse nacional. Se temos crianças que não estão se desenvolvendo bem, elas têm predisposição para apresentarem problemas sociais", disse.
O relatório refletiu duas tendências: a piora na situação de bebês e crianças pequenas, e novas pesquisas mostrando o quanto esses anos da vida são importantes para o desenvolvimento da criança.
O cérebro infantil se desenvolve muito mais rapidamente do que se pensava anteriormente. Quando o bebê completa um ano de vida, seu cérebro já se assemelha ao de um adulto, dizem os pesquisadores.
"Descobrimos que, enquanto o número de células cerebrais é fixo no nascimento –já nascemos com todas aquelas que teremos–, a maneira pela qual elas se interligam no sistema nervoso não é predeterminada", disse Richmond.
Segundo ele, a inteligência tem uma variação que pode significar a diferença entre a educação especial (para crianças com dificuldade de aprendizagem) e uma vida acadêmica bem-sucedida.
Muitas crianças pobres acabam caindo na categoria de deficientes mentais, quando na verdade poderiam levar vidas normais, dizem os pesquisadores médicos.
Nutrição e estimulação adequados colocarão a criança no ápice de sua gama potencial de inteligência. Mas muitas crianças, especialmente aquelas criadas em condições de pobreza, acabam na extremidade oposta.
Tradução de Clara Allain

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