São Paulo, domingo, 17 de abril de 1994
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"Hoje" pode ser mais esperto na escolha de temas e edição

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES-
EDITOR DA REVISTA DA FOLHA

William Bonner apresenta o "Hoje", que volta a SP
"Hoje" pode ser mais esperto
na escolha de temas e edição
Telejornal, que volta a São Paulo,
peca por pouca ousadia e vivacidade
Desde a última segunda-feira, com nova embalagem, o telejornal "Hoje", da Globo, voltou a ser transmitido para São Paulo.
Título tradicional da rede, o "Hoje" tem uma história irregular, mas com momentos que ficaram gravados na memória dos espectadores –já foi, por exemplo, um espaço bastante aberto para artes e espetáculos e para a cultura jovem (especialmente a música, com comentários e informações do crítico Nelson Motta), já teve a cara da apresentadora Leda Nagle e já beirou a revista de amenidades.
Na versão atual, apesar de sua programação visual em tons pastéis e dos rostos pouco severos de William Bonner e Cristina Ranzolin, o telejornal não foge do "hard news", ou seja, da notícia forte.
Ao contrário, começa com manchetes que rivalizam com as do "Jornal Nacional": jogo do bicho, cassação de mandatos, abuso sexual de menores, inflação etc.
E o tratamento desses temas é o mesmo que se vê nos horários noturnos –com direito a rostos carimbados, como o do comentarista político Alexandre Garcia.
O que poderia ser a diferença do "Hoje" em relação a seus pares vem na sequência: reportagens mais leves, ligadas a temas de interesse familiar. Coisas como receitas caseiras para massinha de modelagem, a escola que dá aulas de bom comportamento e até, em pequenas vinhetas, dicas para as mulheres, do tipo não use "fuseau" com sapato de salto –prefira sapatilha ou tênis.
Completa o jornal o noticiário que o jargão jornalístico chama de "geral" (acidentes em estradas, rompimentos de tubulações, meteorologia, saúde etc.) e um breve giro pelo mundo.
A sensação final é de excessiva sobriedade. E de falta de imaginação. Tratando-se de um público diverso do noturno, o formato poderia sar mais original, não apenas no tratamento da notícia forte e na seleção dos temas "amenos", como na apresentação geral.
Em resumo: faltam vivacidade na edição e mais esperteza na seleção de assuntos. O jornal, contudo, parece estar se saindo bem na ocupação do horário (vai ao ar às 13h15): obteve na última semana em São Paulo audiências em torno dos 25 pontos. Indice respeitável: a "novela das oito" fica entre 50 e 60.

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