São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 1994
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Praga na Flórida não traz euforia a SP

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não há sinais de euforia no mercado brasileiro de laranja, mesmo com as recentes notícias de uma praga no plantio da fruta na Flórida, Estado onde está concentrada a maior produção norte-americana.
"Continuamos com a previsão de colher 285 milhões de caixas de laranja e movimentar US$ 1 bilhão com essa safra", diz Ademerval Garcia, 53, presidente da Abecitros (Associação Brasileiras dos Exportadores Cítricos).
O mercado brasileiro trabalha com a informação de que a praga, originária da Ásia, é uma larva que derruba as folhas dos laranjais. É semelhante ao "bicho mineiro", que ataca as plantações de café.
No ano passado, a praga causou a perda de 7% da produção de laranja na Flórida.
"Esse número é pouco significativo no mercado mundial. Corresponde a um erro de previsão de colheita", diz Joaquim Teófilo, do Instituto Agronômico.
A consequência, diz Garcia, é que não há aumento de produção ou exportação no Brasil por causa da praga.
Jorge Pikielny, da Montecitrus (indústria de suco concentrado), confirma a estabilidade do mercado. "Há um relativo equilíbrio entre oferta e demanda mundial."
Pikielny lembra que a safra brasileira de 94 será menor do que há colhida há dois anos, enquanto a previsão é de algum crescimento na produção norte-americana.
A indústria brasileira, acrescenta, tem feito contratos plurianuais para a compra da produção, o que também contribui para garantir a estabilidade de preços.
"Ainda é cedo para prever impactos nos preços", afirma Evaristo Marzabal Neves, diretor da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz.
A causa, diz Neves, é que ainda é desconhecida a extensão da infestação da praga, que começou tímida em 93, e os custos necessários para o combate.
Se a praga já chegou às plantações, seus efeitos podem passar desapercebidos até pela Bolsa de Nova York, responsável pela cotação do produto.
Na quinta-feira passada, o suco da fruta foi negociado a 103,3 centavos de dólar por libra peso, com recuo de US$ 0,20 em relação ao dia anterior.

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