São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 1994 |
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Cai PM que apurava corrupção de policiais
DA SUCURSAL DO RIO O comandante da PM do Rio, tenente-coronel Carlos Nazareth Cerqueira, exonerou ontem o tenente-coronel Walmir Alves Brum do comando da 1ª Delegacia Judiciária.A acusação é de que Brum teria vazado informações à imprensa sobre autoridades e políticos cujos nomes estão na lista de supostas propinas do jogo do bicho. Para o tenente-coronel exonerado, a decisão do comandante foi "política". Ele afirma que foi julgado "por um tribunal de inquisição formado por 12 oficiais e sem ter direito de defesa" (leia entrevista com Brum ao lado). Esta foi a primeira punição de um policial por causa da lista do bicho. Só que do lado dos investigadores, não dos 64 PMs investigados. Brum investigava o suposto envolvimento de PMs com bicheiros a partir da documentação apreendida no escritório de Castor de Andrade no final de março. Segundo o tenente-coronel Cylênio Espírito Santo, chefe de Relações Públicas, Brum teria entrado na investigação do bicho sem autorização do comando. O comnado abriu sindicância para apurar suposto vazamento de informações por ele. Cylênio afirmou que Brum é competente para apurar crimes de grupos de extermínios e não "delitos delicados de bicheiros". A Delegacia Judiciária, antiga Chefia da PM, atua na investigação de crimes cometidos por policiais. É uma espécie de corregedoria. O substituto de Brum é o tenente-coronel Francisco de Paula Araujo, 45, colega de seu antecessor na turma de formação de oficiais. Cabe a ele agora apurar a suposta vinculação de oficiais e soldados com o jogo do bicho. O novo chefe da Delegacia Judiciária tem 25 anos de PM. O tenente-coronel Araujo disse ser normal a demissão de chefes da PM e que não teme pressões. "Vou agir de acordo com a lei", afirmou. Ele recebeu o cargo de Brum às 11h, no Méier, zona norte, onde está sediada a Delegacia Judiciária. Pela manhã, o chefe do Estado-Maior, coronel Jorge da Silva, comandou reunião com toda a cúpula da PM para avaliar o caso. Brum teria sido impedido de falar nessa reunião. Em entrevista coletiva, o chefe da Relações Públicas teve dificuldades em explicar a demissão de Brum. O comandante da PM já havia atribuído a saída de Brum a uma suposta "traição" e "quebra de confiança". Cylênio Espírito Santo, inicialmente, disse que a demissão era "conveniência" do comandante. Depois, afirmou que seria por vazamento de informações. Em seguida, alegou que Brum surgiu nas investigações do bicho para "aparecer". Disse também que o coronel Araújo tinha mais conhecimento sobre a estrutura do bicho do que o ex-chefe da Delegacia Judiciária. "É possível também que ele (Brum) tenha desrespeitado as normas da corporação dando entrevistas", afirmou Cylênio. Texto Anterior: Para tenente-coronel, demissão foi 'política' Próximo Texto: Termina greve na Scania e Brastemp Índice |
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