São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 1994
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Acordo permite redução de US$ 9 bilhões

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo calcula em US$ 9 bilhões o desconto obtido sobre a dívida externa, a partir do acordo fechado na última sexta-feira. O valor é menor que o estimado no início das negociações com os credores.
O cálculo consta de um documento elaborado pelo Banco Central. A estimativa é que o valor original da dívida renegociada, de US$ 35 bilhões, caia em 25,7% nos próximos 30 anos.
Quando foram assinados os termos do acordo, em 1992, o governo Collor anunciou que o desconto seria de 35%. Esse argumento foi utilizado para que as condições fossem aprovadas pelo Senado.
O desconto previsto pelo BC é baseado nas características dos cinco novos títulos da dívida brasileira. Quatro deles oferecem algum tipo de abatimento, reduzindo o débito ou tabelando os juros.
Os bônus ao par, "flirbs" e bônus de capitalização –papéis que representam cerca de 60% da dívida– têm juros tabelados abaixo das previsões para as taxas internacionais futuras, o que abateria em US$ 5 bilhões a dívida.
Essas vantagens têm levado o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, a declarar que o acordo da dívida possibilitará a retomada do crescimento econômico. Já sua equipe avalia que resultados desse tipo, só a longo prazo.
O principal desdobramento favorável do acordo é a redução dos juros cobrados de empresas brasileiras no exterior, abrindo caminho para a queda das taxas internas.
O governo não cogita, porém, reduzir os juros até que haja uma estabilização efetiva da inflação. A intenção é manter as taxas em alta, para inibir o consumo que tende a crescer com a queda da inflação.
Outra consequência anunciada pelo governo, a normalização das relações externas do país, dependerá de um acerto com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
As negociações com o Fundo estão na dependência da definição da data de criação da futura moeda, o real. Os compromissos a serem assumidos com o FMI dependem das projeções de inflação.
A normalização das relações financeiras internacionais favorecerá a obtenção de mais empréstimos internacionais. Na verdade, esses empréstimos vêm crescendo desde 1992, quando começaram as negociações do acordo.

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