São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 1994
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Sul-africanos negociam a eleição

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Líderes sul-africanos disseram ontem estar perto de um acordo para a realização das eleições de 26 a 28 de abril. O líder zulu, Mangosuthu Buthelezi, disse acreditar que hoje poderá se anunciar "algo de muito positivo".
Buthelezi esteve reunido por cinco horas com o presidente Frederik de Klerk e o secretário-geral do Congresso Nacional Africano (CNA), Cyril Ramaphosa.
Buthelezi é contra as eleições por defender independência para os zulus. Ele alega que a provável vitória do CNA colocará os zulus, a maior etnia do país, sob uma ditadura.
A oposição entre o partido zulu Inkatha, de Buthelezi, e o CNA já causou a morte de cerca de 20 mil pessoas na última década. No último final de semana, cerca 20 pessoas foram mortas na província de Natal, de maioria zulu. Já são 238 desde que o governo sul-africano decretou estado de emergência na região no dia 31 de março.
Um dos principais fotógrafos sul-africanos morreu e dois outros ficaram feridos durante tiroteio num subúrbio de Johannesburgo, ontem. O conflito começou quando zulus de uma hospedaria para trabalhadores atiraram em um grupo que tentava hastear uma bandeira do CNA em Tokoza.
As Forças de Manutenção da Paz, polícia recém-criada para garantir a transição sul-africana, foi chamada para resolver a situação.
Ken Oosterbroek, 31, do "Star", principal jornal de Johannesburgo, foi morto quando as Forças chegaram e foram recebidas a tiros. Greg Marinovich, sul-africano da revista americana "Newsweek" foi ferido no peito. Juda Ngwenya, da agência de notícias "Reuter" foi ferido no braço.
Oosterbroek foi premiado como melhor fotógrafo da África do Sul pela terceira vez consecutiva em 93. Ele recebeu o prêmio na semana passada. Marinovich já ganhou um prêmio Pulitzer por suas fotos dos subúrbios de Johannesburgo.
Não se sabe ainda como Oosterbroek morreu. Seu corpo não tinha marcas de tiros. Aparentemente ele quebrou o pescoço quando tentava fugir do fogo cruzado.
A polícia anunciou a libertação de seis homens que estavam trancados no porão de um prédio do CNA em Johannesburgo. Segundo o porta-voz da polícia, Dave Bruce, os seis foram torturados.
O diretor regional do CNA, Tokyo Sexwale, disse que o guarda do prédio foi suspenso e que o partido está realizando uma investigação interna sobre o episódio.
Suzanne Vos, porta-voz do Inkatha, disse que quatro dos seis eram zulus mas nenhum pertencia a qualquer partido.

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