São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 1994
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Extinção de espécies pode afetar o clima

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cientistas britânicos afirmam ter demonstrado que a extinção de espécies dificulta a recuperação do ambiente. Pode parecer óbvio, mas isso nunca tinha sido provado.
Na revista científica "Nature" de hoje, eles relatam que as relações entre ambiente e seres vivos (o ecossistema) funcionam melhor com mais espécies.
A descoberta reforça a tese ambientalista de que as extinções de espécies causadas pela humanidade causam danos à vida na Terra.
"Isso se deve inteiramente à destruição dos ambientes, à caça e à poluição", disse o chefe do projeto, John Lawton.
Ele trabalhou com seus colegas no "Ecotron", uma série de miniambientes simulados que fica no Imperial College em Ascot (a oeste de Londres).
Segundo o estudo, os miniecossistemas do "Ecotron" que tinham mais espécies de plantas e animais funcionavam melhor.
Lawton disse que as descobertas mostram que a humanidade está destruindo mecanismos naturais que poderiam reparar perdas ambientais.
Segundo cientistas, metade das espécies do mundo podem estar extintas até o ano 2100.
Grupos ambientalistas afirmam que cerca de cem espécies de plantas e animais são extintas por dia.
Para o biólogo Lawton, a perda de plantas e animais não é apenas esteticamente indesejável, mas também pode ser perigosa para a humanidade.
"Há ótimas razões de ordem prática para preservar espécies", afirmou.
Segundo ele, o desaparecimento de espécies prejudica a capacidade de os ecossistemas retirarem gás carbônico da atmosfera.
Isso é importante porque o gás carbônico é um dos principais gases que contribui para o aquecimento global, no fenômeno conhecido como efeito estufa.
Nessa situação, o acúmulo de gases na atmosfera impede que o calor da Terra se dissipe pelo espaço. Isso eleva a temperatura do planeta.
O cientista ainda criticou atividades que não poluem a atmosfera. "Seres humanos estão sempre simplificando ecossistemas."
Lawton citou o exemplo de uma floresta cheia de espécies que é substituída pelo cultivo de um único cereal.
Nesse caso, nem mesmo o replantio de florestas desmatadas seria capaz de repor todas as espécies originais do ecossistema.
Teixo-do-pacífico
Cientistas dos EUA descobriram que o taxol, droga contra o câncer derivada da árvore teixo-do-pacífico, pode ser eficaz contra a doença de rim policístico.
A doença ataca os rins através da proliferação de pequenos cistos e é hereditária.
O taxol, conhecido por inibir a formação de tumores, foi eficaz para prevenir e tratar a doença em camundongos, relatam os pesquisadores na mesma edição da revista "Nature".
"O taxol e seus análogos podem ser úteis para tratar doenças de rim policístico em humanos", disse o autor do estudo, David Woo, da Universidade da Califórnia.
Mas a reação em seres humanos pode ser diferente da reação nos camundongos.
As doenças de rim policístico são as doenças hereditárias de rim mais comuns.
Elas são a causa de cerca de 10% dos casos de transplante do órgão.
Recentemente foi anunciado que é possível sintetizar a droga artificialmente a partir da cânfora, sem precisar recorrer ao teixo-do-pacífico, ameaçado de extinção.

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