São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 1994
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Autor elogia 'Médico e o Monstro' de Nanini

MARCO CHIARETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 25/04/94

Diferentemente do que foi grafado nesta entrevista, o autor de "O Mistério de Irma Vap", chama-se Charles Ludlam (e não Charles Ludlan) e o compositor norte-americano é Virgil Thomson (e não Thompson).
"O Médico e o Monstro" estréia hoje
Autor da peça veio a São Paulo assistir montagem dirigida por Marco Nanini e estrelada por Ney Latorraca
O dramaturgo e ator norte-americano Georg Osterman, 40, está em São Paulo, para assistir a estréia de sua peça "O Médico e o Monstro", hoje, às 21h. A direção é de Marco Nanini. Ney Latorraca faz os dois personagens centrais.
Osterman deu uma entrevista à Folha no teatro Cultura Artística. Falou de sua experiência no Teatro do Ridículo, em Nova York, e de Charles Ludlan, seu criador.
O diretor já escreveu 18 peças. A versão novaiorquina de "O Médico e o Monstro" estreou em 1989. Ele fazia um papel, o de Lily Gay. Atualmente, está trabalhando em duas peças.
Osterman nasceu em Montana, no centro dos EUA. Lembra que quando criança via passar carretas com mísseis. Montana possuiu várias bases de lançamento destas armas: "Não era algo muito bom para uma criança ver".
Diz que foi muito influenciado pela linguagem do cinema americano e pelo teatro clássico.
Folha - O que o sr. acha da montagem brasileira de sua peça?
Georg Osterman - Muito boa, muito limpa e bem resolvida.
Folha - Quando o sr. começou no teatro?
sterman - Comecei em 1971, quando tinha 18 anos. Eu vim de Montana, "a terra de Marlboro". Cheguei em Nova York e dois meses comecei a trabalhar com Charles Ludlan no Teatro do Ridículo. Tinha lido seus trabalhos no colégio, lá em Montana.
Folha - Um lugar cheio de mísseis nucleares...
Osterman - É verdade. Eu lembro que quando eu era criança vi passar várias vezes carretas carregando mísseis com um quarteirão de comprimento. Eu ficava muito assustado. Estávamos no meio da Guerra Fria.
Folha - Quantas peças o sr. já escreveu?
Osterman - Dezoito. Estou trabalhando em outras duas, "Mr. Skeffington", baseada em um filme dos anos 40, com Betty Davis, que está sendo escrita para Everett Quinton, que fazia o papel de Mr. Hyde/Dr. Jekyll em Nova York, e é o diretor artístico do Companhia do Teatro Ridículo, desde a morte de Charles Ludlan. Everett, é claro, será Betty. A outra peça fala da vida de Gertrude Stein e Virgil Thompson, um músico norte-americano. A peça trata de sua relação artística e pessoal. Uma amiga minha, que trabalha na companhia desde os anos 60 fará Stein. E eu serei Thompson.
Folha - Quais são as principais influências em seu teatro?
Osterman - Meu trabalho foi muito influenciado pelo cinema norte-americano e pelo teatro clássico. É uma combinação entre estas duas formas e a cultura pop, uma espécie de "collage". Nós, no Teatro do Ridículo, usamos a estrutura do teatro clássico, e não só do teatro, como uma moldura. Por exemplo, em "O Médico...", a história original é só o contorno de uma trama bem diferente.
Folha - Baseia-se mais nos filmes sobre a história de Stevenson do que exatamente no livro...
Osterman - Eu cresci com os filmes. Gosto dos efeitos cinemáticos. Nanini fez um trabalho maravilhoso na passagem entre as cenas, por exemplo. Em Nova York, nós usávamos sómente a música nos intervalos. Bem, é verdade que lá o teatro era bem menor. O teatro inteiro cabe duas vezes no palco deste aqui, tem só 145 lugares. Esta produção aqui tem uma escala dez vezes maior.

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