São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Winnie faz sua campanha com ataques aos brancos

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Winnie faz sua campanha com ataques aos brancos
Winnie Mandela já não é (desde abril de 1992) a mulher de Nelson Mandela, provável futuro presidente sul-africano.
Mas, no resto, continua a mesma de sempre, uma combatente implacável para os seus seguidores ou uma irresponsável agitadora, para os adversários.
Duarnte uma campanha eleitoral, a retórica de Winnie, de 59 anos, é incendiária.
"Vamos tomar os elefantes brancos que são as escolas dos brancos, que ficam vazias porque não há crianças suficientes para enchê-las". Esta é uma de suas frases favoritas.
Winnie ocupa o 31º lugar na lista de candidatos do partido CNA (Congresso Nacional Africano) para a Assembléia Nacional.
Como o CNA tende a preencher no mínimo 200 das 400 vagas no Parlamento, ela já pode se considerar eleita.
Pior para o CNA: Winnie promete "conduzir a luta contra meu próprio governo", na hipótese de seu ex-marido e futuro presidente não cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral.
Como a lista de promessas é alentada, são enormes as chances de Winnie trombar com o CNA mais uma vez.
Ela já foi uma espécie de heroína para os negros, porque, durante os 27 anos em que Nelson Mandela ficou preso, tornou-se a única voz pública do CNA, tanto na África do Sul como no exterior.
Caiu em desgraça ao ser acusada e depois condenada pelo sequestro e posterior morte de um jovem ativista, Stompie Seipei, tomado como refém pelos guardas-costas de Winnie.
Por isso, perdeu seu posto regional na Liga de Mulheres do partido, no ano de 1991.
Mas voltou por cima em dezembro de 1993, ao ser eleita presidenta nacional da Liga.
Enquanto não arma outro conflito com seu próprio partido, ela pede votos, nos comícios, para o ex-marido.
"Façam um xis ao lado de seu rosto jovem", brinca (Mandela tem 75 anos).(CR)

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